Memórias: Leo Ferré

15 07 2020

No dia 14 de julho de 1993, morreu Leo Ferré. Foi um cantor e poeta libertário francês, Da sua discografia, destacam-se os álbuns: “Les Fleurs du Mal Chanté” (1957), “Les Chansons d’Aragon” (1961) e “Amour Anarchie” (1970). Por António José André.
Leo Ferré nasceu a 24 de agosto de 1916, no Principado do Mónaco, onde passou parte da infância. Em 1925, foi enviado para um colégio, em Itália. Em 1934, completou os estudos liceais, em Roma.
Em 1939, Ferré completou o curso de Direito, em Paris. Nos anos 40, começou a escrever canções e a musicar poemas, que interpretava nos cabarés de Monte Carlo. São dessa fase os temas “L’Inconnue de Londres” e “Barbarie”.
Em 1945, Ferré trabalhou na Rádio Monte-Carlo como locutor e pianista, tendo conhecido artistas como Edith Piaf e Francis Claude. Em 1950, compôs a ópera “La Vie d’Artiste”, revelando o seu talento de compositor.
Em 1954, escreveu um oratório baseado na “Chanson du Mal Aimé” de Apollinaire. Em 1956, publicou a antolologia “Poètes?”. Ferré partricipou nos acontecimentos de Maio de 1968, em Paris
Leo Ferré faleceu, a 14 de julho de 1993, na sequência de doença prolongada.
Da extensa discografia de Leo Ferré, destacam-se os seguintes álbuns: “Les Fleurs du Mal Chanté” (1957), em homenagem a Charles Baudelaire; “Les Chansons d’Aragon” (1961) com 10 poemas de Louis Aragon; “Ferré 64”; “Amour Anarchie” (1970); “La Violence et l’Ennui” (1980) e” Les Vieux Copains” (1990).

Escute aqui aqui: “Le Chien”
https://video.search.yahoo.com/search/video?fr=mcafee_uninternational&p=youtube+-+Leo+Ferr%C3%A9+-+le+chien#id=3&vid=2fd82d147424caac34d3916d0c533bce&action=click





Memórias: Carlos Monsiváis

18 06 2020

No dia 19 de junho de 2010, morreu Carlos Monsiváis. Foi um escritor, jornalista e ativista político mexicano, conhecido pela sua visão sarcástica e pela sua linguagem cáustica. Por António José André.
Carlos Monsiváis nasceu a 4 de maio de 1938, na Cidade do México. Estudou na Escola de Economia e na Faculdade de Filosofía e Letras (Universidade Nacional Autónoma de México – UNAM).
Posteriormente, Monsivais trabalhou na UNAM, como catedrático. Também foi docente na Universidade de Essex, no King’s College (Grã-Bretanha) e na Universidade de Harvard.(EUA).
Dotado de uma vasta bagagem cultural, Monsiváis escreveu, desde jovem, para diversos suplementos culturais e jornais mexicanos. Depois, colaborou com “Novedades”, “El Día”, “Excélsior”, “La Jornada”, “El Universal”, “Proceso”, “Siempre!”, “Nexos”, entre outras publicações.
As suas posições políticas e o conhecimento dos fenómenos sociais e culturais, levaram-no a questionar o autoritarismo e o conservadorismo. Carlos Monsiváis foi um ativista político, desde os anos 60.
Monsivais participou nas lutas estudantis. Também defendeu outras causas: o feminismo, a legalização do aborto, a luta contra as touradas, as lutas populares da América Latina (o movimento zapatista, por exemplo)….
“Antologias Poéticas”, “Biografias” (de Frida Kahlo e de Octávio Paz, por exemplo) e “Ensaios” são parte da extensa bibliografia de Carlos Monsiváis, que também se interessou pela Rádio, pelo Cinema e pela Música (foi diretor da coleção de discos “Voz Viva de México”, da UNAM).
No dia 19 de junho de 2010, morreu Carlos Monsiváis. Tinha 72 anos e foi um dos mais importantes escritores contemporâneos, conhecido pela sua visão sarcástica e pela sua linguagem cáustica.
Veja também este documentário:

 





Memórias: Ousmane Sembène

8 06 2020

No dia 9 de junho de 2007, faleceu Ousmane Sembène. Foi um escritor, realizador de cinema e ativista político senegalês. Considerado “pai” do Cinema Africano e uma das figuras proeminentes da literatura do sub-sahariana. Por António José André.
Ousmane Sènembe nasceu a 1 de janeiro de 1923, em Zinguinchor, povoação situada na região de Casamance (Senegal). Filho de pescadores, frequentou a Escola até aos 14 anos.
Aos 15 anos, Sènembe começou trabalhar, passando por várias profissões: pescador, aprendiz de mecânico, pedreiro, operário da ferrovia e militar. Participou em campanhas, na Itália e França, contra o fascismo e nazismo.
Depois da Segunda Guerra Mundial, Sènembe trabalhou em Marselha como estivador e tornou-se ativista sindical. Esta experiência proporcionou-lhe estudar o tema do seu primeiro livro, “Le Docker Noir” (1956).
Em 1950, filiou-se no Partido Comunista Francês, onde militou até à independência do Senegal (1960). Ousmane Sènembe formou-se como realizador de cinema, nos Estúdios Gorki de Moscovo.
De regresso a África, Sènembe desenvolveu uma dupla atvidade criativa, como escritor e realizador de cinema. Em 1963, dirigiu o seu primeiro filme “Borom Sarret” ao qual se seguiram outros 14 mais.
Sembène denunciou o nepotismo e a corrupção no filme “Le Mandat”, sendo censurado pelas críticas feitas à burguesia e à aristocracia local. Em 1969, fundou a FEPACI (Federação PanAfricana de Cineastas), que defendia os direitos deste coletivo na promoção de cinema africano.
Em 2000, Sembène iniciou um tríptico sobre o heroísmo quotidiano da mulher africana com “Faat Kiné”. Em 2005, saiu o seu segundo filme “Moolaadé” (2005)..
“Quero manter a minha estética o mais próximo possível da narrativa oral tradicional dos nossos países. Não uso métodos de Hollywood ou do cinema europeu. A minha meta é criar uma linguagem africana”, declarou Sembène.
Ousmane Sènembe, que faleceu 9 de junho de 2007, em Dakar. É considerado “pai” do Cinema Africano e uma das figuras proeminentes da literatura sub-sahariana.





Memórias: Paul Gauguin

5 06 2020

No dia 7 de junho de 1848, nasceu Paul Gauguin. Foi um pintor francês cuja obra não se enquadra em nenhum movimento artístico. Fundou o grupo “Les Nabis”. Por António José André.
Gauguin nasceu, em Paris, a 7 de junho de 1848. A avó materna, Flora Tristan, era uma militante operária e reivindicava ter origem peruana. O pai, jornalista republicano, foi obrigado a exilar-se depois do golpe de Estado de Napoleão III, levando a família para Lima (Peru). Por isso o pintor cultivaria ao longo da sua existência supostas “origens incas”.
Em 1855, Gauguin voltou para o seu país. Estudou em Orleans e, aos 17 anos, ingressou na marinha mercante, percorrendo o mundo. Em 1888, trabalhou numa corretora de valores parisiense. Aos 35 anos, após a quebra da Bolsa de Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura.
Auas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo com a aplicação arbitrária das cores. Ao simplificar os seus desenhos e cores, Gauguin afastou-se da imitação da natureza.
Gauguin participou nos últimos lampejos do impressionismo. Depois, engajou-se na arte do simbolismo e na arte decorativa. Em 1886, em busca de novas sensações, estabeleceu-se na Bretanha, onde se encontrou com outros pintores de vanguarda.
Em 1888, após uma viagem pela América do Sul e Central, Gauguin recebeu uma proposta de Vincent Van Gogh para se juntar a ele em Arles: casa onde o pintor projetava criar o “Atelier do Meio Dia”. O encontro viria a ser pontilhado de brigas a ponto de Van Gogh, num momento de desespero, ter cortado a sua orelha.
De regresso a Paris, Gauguin aproveitou a venda de algumas telas para organizar a sua viagem para o Taiti. O seu estilo foi adotado por jovens artistas da Escola de Pont-Aven, entre os quais Emile Bernard e Paul Sérusier, dando origem ao movimento ”Les Nabis”.
No Taiti, Gauguin procurou entre os indígenas maoris novas fontes de inspiração, mas a realidade decepcionou-o e regressou à Europa, em julho de 1893.
Gauguin voltou ao Taiti, em setembro de 1901. Na Polinésia Francesa, comportou-se como um colono comum, rmenosprezando os indígenas. Morreu na miséria, a 8 de maio de 1903, nas Ilhas Marquesas.
A obra de Gauguin, longe de ser enquadrada nalgum movimento, foi tão singular como as de Van Gogh ou Paul Cézanne. Apesar disso, teve seguidores e foi fundador do grupo “Les Nabis”, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida.





Memórias: Captain Beefheart

16 01 2020

No dia 5 de janeiro de 1941, nasceu Don Van Vliet ou Captain Beefheart. Foi um músico e pintor norte-americano. Durante a sua vida, manteve uma seqüência prolífica de esboços e pinturas. Artistas como Tom Waits, Nick Cave, Franz Ferdinand, Oasis, Red Hot Chili Peppers e The White Stripes estão entre os que o citaram como influência. Por António José André.
Don Van Vliet ou Captain Beefheart nasceu a 5 de janeiro de 1941, no subúrbio de Glendale (California). A família teve influência nos seus talentos artísticos. Começou a esculpir aos 4 anos de idade. Na adolescência, Don Van Vliet descobriu o blues junto com o seu amigo de infância Frank Zappa, que permaneceu um amigo e rival por toda a vida. Em Lancaster, (deserto Mojave na Califórnia), Zappa e Van Vliet criaram o nome Captain Beefheart.
No meio da década de 60, constituíu a banda de blues, His Magic Band.. Durante duas décadas, os membros da banda mudaram freqüentemente. A banda alargou com a presença do guitarrista Ry Cooder.
Em 1967, foi editado o primeiro álbum, “Safe as Milk”. Apesar de inspirado por blues, o álbum refletia a era psicadélica e tendências surrealistas. Também dava indícios de avant-garde que acabaria por ser a marca de Captain Beefheart.
Em 1969, foi editado o álbum, “Trout Mask Replica”, uma mistura dadaísta de blues, free jazz , rock e poesia beat., produzido por Frank Zappa. Os músicos estiveram numa casa durante 8 meses e só podiam sair uma vez por semana para comprar comida. As letras eram surreais e os membros da banda ganharam apelidos como Mascara Snake, Zoot Horn Rollo e Rockette Morton.
O álbum seguinte, “Lick My Decals Off, Baby” foi igualmente de natureza experimental. Mas os álbuns,”The Spotlight Kid”, “Clear Spot”, “Unconditionally Guaranteed” e “Bluejeans and Moonbeams” , foram acusados pelos fãs de serem comerciais demais. Mas depois, “Bat Chain Puller” e “Ice Cream for Crow” foram aclamados.
Don Van Vliet conhecido como Captain Beefheart, morreu a 17 de dezembro de 2010, devido a complicações decorrentes de esclerose múltipla..
Durante a sua vida, Captain Beefheart manteve uma seqüência prolífica de esboços e pinturas. Com uma voz grave, gritava à maneira de um dos seus heróid, o bluesman Howlin’ Wolf, e tornou-se uma figura influente na música rock.
Artistas como Tom Waits, Nick Cave, Franz Ferdinand, Oasis, Red Hot Chili Peppers e The White Stripes estão entre os que o citaram como influência. Depois, com o seu nome verdadeiro, Don Van Vliet, tornou-se um pintor conhecido.





22 OUT: Apresentação do livro “AS CLASSES MÉDIAS” – Teatro da cerca – 18h

20 10 2019

No dia 22 de outubro (terça-feira), vai ser apresentado o livro “As Classes Médias em Portugal”. O evento, que contará com a presenças de Francisco Louçã, João Teixeira Lopes e Lígia Ferro, será moderado pelo jornalista, João Gaspar,e decorrerá no Bar do Teatro da Cerca, em Coimbra., a partir das 18h. Contamos consigo.
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“AS CLASSES MÉDIAS EM PORTUGAL” de Francisco Louçã, João Teixeira Lopes, Lígia Ferro (Editor:Bertrand Editora)
“Nenhum discurso político contemporâneo prescinde de referências à classe média. Ora em tom encomiástico, apologético e até messiânico, elogiando as suas virtudes de empenho, talento e mérito; ora realçando o seu papel de articulador da estrutura social, espécie de modelo para a mobilidade social e pivô das mudanças societais; ora como estabilizador, árbitro e nó central das dinâmicas políticas; ora como conjunto de camadas a serem conquistadas para a obtenção de maiorias aritméticas e políticas; ora, em sentido contrário, para enfatizar a quebra do elevador social, a sua crescente vulnerabilidade à desclassificação social, pauperização e precarização.
Mas quem é a classe média, ou as classes médias? Pois é toda a gente, ou pelo menos quase toda a gente assim responderá. Mas, sob este manto comum de identidade, convivem posições e representações sociais muito distintas. Tem de haver um plural para classe média: a de cima, que se cola e projeta na burguesia, e a de baixo, pauperizada e comprimida às classes populares; a do público e do privado, a das áreas metropolitanas e a do rural em transição; a tradicional e a nova.
Neste livro partiremos de estatísticas, relatos biográficos e análise de discurso para conhecermos um pouco melhor a classe média portuguesa. Como vive, como se reproduz, que dificuldades enfrenta, como se mobiliza politicamente, que estilos de vida desenvolve. Mostraremos como é frágil e assustada, espremida e comprimida, em particular após a grande crise.”
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Memórias: Frida Kahlo

16 07 2019

No dia 13 de julho de 1954, morreu Frida Kahlo, grande pintora mexicana e uma das maiores pintoras do século XX. Comunista e revolucionária, ela foi criadora da sua própria personagem e tema da sua obra. Por António José André.
Frida Kahlo nasceu na cidade do México, em 6 de julho de 1907. Em 1913, foi-lhe diagnosticada uma poliomielite, doença que acabou por deixar sequelas na sua perna direita. Em 1922, iniciou os estudos na Escola Nacional, onde teve a oportunidade de observar Diego Rivera a pintar o mural “A Criação”.
Em 17 de setembro de 1926, sofreu um acidente, quando viajava de autocarro. tendo uma rutura da coluna em 3 lugares. Um cano atravessou-lhe a bacia até à região púbica, produzindo uma tripla fratura da pélvis. Assim, ficou impedida de ter filhos. Esse acidente marcaria toda a sua vida.
Durante a convalescença, começou a pintar os seus primeiros quadros. Em 1927, reencontrou-se com Diego Rivera, quando ele regressou da União Soviética. O pintor mostrou interesse pela artista e pela sua obra. Dois anos depois, casaram-se e viajaram para os Estados Unidos.
Em Nova Iorque, Frida Kahlo pintou “My dress hanging there”, quadro que prenunciava a sua obra repleta de símbolos, com influência da estética popular e religiosa mexicana. Em 1934, regressaram ao México e instalaram-se, em San Ángel. Sofre. O processo de desfiguração do seu corpo é constante e isso refletiu-se nos seus trabalhos.
Separou-se de Diogo Rivera e viajou para Nova Iorque. Em 1937, Frida regressaria ao México, época em que Leon Trotsky e Natália, chegaram ao país. Frida foi recebê-los e.instalaram-se na sua casa de Coyoacán. Foi um ano muito prolífico para Frida. Produziu “Minha irmã e eu”, “O defunto Dimas”, “Meus avós, meus país e eu” e vários autorretratos.
Em 1938, André Breton chegou ao México e partilhou as suas ideias com Frida. Nesse ano, Frida foi a Paris visitar a exposição “México”, que André Breton organizou com obras pré-hispânicas e 18 quadros de Frida.
Em 1940, Frida participou da Exposição Internacional do Surrealismo na Galeria de Arte Mexicana com as telas “As Duas Fridas” e “A Mesa Ferida”. No dia 21 de agosto desse ano, Trotsky foi assassinado. A sua admiração pelo dirigente revolucionário russo levaram a ter um romance com ele.
Frida voltou aos Estados Unidos para receber tratamento médico. Participou na Exposição Internacional Golden Gate (São Francisco) e na Exposição Vinte Séculos de Arte Mexicana (Nova Iorque). No final desse ano, voltou a juntar-se a Rivera. Em 1941, regressaram ao México e Frida pintou vários autorretratos.
Em 1942, expôs no Museu de Arte Moderna (Nova Iorque). Em 1943, foi nomeada professora da Escola de Pintura e Escultura La Esmeralda. De 1944 a 1949, participou em exposições nacionais e internacionais. Em 1950, Frida ficou internada nove meses por causa da complicação do enxerto dum osso na coluna vertebral.
Em 1951, pintou várias naturezas mortas e o “Retrato do meu pai Wilhelm Kahlo”. Em 1953, Frida organizou uma ampla Exposição individual na Galeria de Arte Contemporânea (México). Depois foi internada para a amputação da perna direita devido a um quadro de gangrena.
Veja também:
https://www.esquerda.net/artigo/memorias-frida-kahlo/37783





Memórias: Vinicius de Moraes

11 07 2019

No dia 9 de julho de 1980, morreu Vinicius de Moraes: um dos mais populares poetas brasileiros. Vinicius foi escritor, diplomata,  jornalista e músico. Por António José André.

Vinícius de Moraes nasceu a 19 de Outubro de 1913, no Bairro da Gávea (Rio de Janeiro). Era filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Perfeitura, poeta, violonista amador, e de Lídia Cruz de Moraes, pianista amadora.

Aos três anos, Vinicius de Moares mudou-se para Botafogo, indo morar com os avós. Frequentou a Escola Primaria, escrevendo os seus primeiros versos. Em 1924, Vinicius de Moares entrou para o Colégio Santo Inácio, cantando no coro da Igreja. Em 1929, a família voltou para Gávea.

Nesse ano, Vinicius de Moares entrou para a Faculdade de Direito. Em 1933, concluiu o curso e publicou “O Caminho para a Distância”. Em 1935, publicou o livro “Forma e Exegese”. Em 1938, ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar Língua e Literatura inglesas, na Universidade de Oxford. Nesse ano, publicou “Os Novos Poemas”.

Com o início da II Guerra Mundial, Vinicius de Moares voltou para o Rio de Janeiro. Nos anos seguintes publicou muitos poemas e tornou-se assim um dos mais populares da Literatura brasileira. A sua obra foi vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música.

Vinicius de Moares considerou que a poesia foi a sua primeira e maior vocação.  No campo musical, teve como principais parceiro, entre outros, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto e Chico Buarque.

Escute aqui “O operário em construção” de Vinicius de Moraes:





Memórias: Éric Satie

5 07 2019
No dia 1 de julho de 1925, morreu Éric Satie. Foi um compositor, escritor e pianista francês. Irreverente e excêntrico, teve influência no cenário da vanguarda parisiense do início do século XX. Foi precursor da música ambiente, do teatro do absurdo e do minimalismo.  Por António José André.
Éric Satie nasceu a 17 de maio de 1866, em Honfleur (Normandia – França). Em 1873, morreu a sua mãe, Jane Leslie Aston. O pai, Jules Alfred Satie, foi viver para Paris. Satie foi criado pelo seu tio boémio, Adrien Satie.
Em 1878, Satie mudou-se para Paris. Em 1880, ingressou no Conservatório, onde foi considerado preguiçoso e sem o menor senso de ridículo. Em 1890, Satie foi morar num pequeno quarto, em Montmartre.
Tornou-se pianista no cabaré “Chat Noir”, onde se apresentou como “gymnopedista”. Termo que deriva do antigo festival grego “Gymnopaedia”, dedicado ao deus Apolo.
Nesse cabaré, Satie trabalhou com o humorista, Alphonse Allais, que o apelidou “Esotérik Satie”. A sua música erai apreciada por poucos e desprezada pela maioria dos compositores e críticos musicais.
Em 1891, Satie entrou para a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz (instituição esotérica). Insatisfeito, fundou a “Eglise Métropolitaine d’ Art de Jésus Conducteur” (“Igreja Metropolitana de Arte de Jesus como Guia”), da qual era o único membro.
Em 1898, Satie deixou Montmartre e foi viver para um quarto no subúrbio industrial de Paris. Caminhava diariamente 9 quilômetros para ir tocar em Montmartre. Em 1905, surpreendeu todos, quando resolveu voltar a estudar.
Com 40 anos, ingressou na Schola Cantorum de Paris. Estudou contraponto e orquestração, abandonando por algum tempo a vida boémia. Em 1908, Satie recebeu o diploma com a avaliação de “muito bom”.
Satie decidiu voltar a compor, regressando à vida noturna de Paris. As suas peças eram originais e inspiradas no ambiente de bares e cabarets. A partir de 1911, a sua música começou a ganhar atenção.
Em 1917, Satie compôs “Parade”/1, concebido para o Ballet Russes de Serguei Diaguilev, incorporando sons de uma máquina de escrever, uma sirene e um tiro de pistola. Jean Cocteau escreveu o argumento.
Pablo Picasso tratou do cenário e do guarda roupa. Nessa peça, apareceu pela primeira vez o termo surrealismo, usado por Guillaume Apollinaire, que mais tarde designou um movimento artístico e literário.
Em 1918, Satie escreveu a ópera “Socrate”, um drama com textos de Platão, traduzidos por Victor Cousin. Esta obra marcou uma mudança no seu estilo. Satie foi mentor do grupo “Les Six”, banda de vanguarda que reagiu contra o romantismo e o impressionismo na música e tinha a supervisão de Cocteau.
Após anos de boémia, Satie morreu a 1 de julho de 1925. Irreverente e excêntrico, teve influência no cenário da vanguarda parisiense do início do século XX.
Foi precursor da música ambiente, do teatro do absurdo e do minimalismo. A sua primeira peça “Vexations” (1893) tinha 32 compassos que se repetiam 840 vezes. Além de compor, gostava de escrever e fazer caricaturas, que revelavam o seu estilo irónico.




Memórias: Primeiro filme LGBTI surgiu há 100 anos

30 06 2019

No dia 28 de maio de 1919, decorreu a estreia do filme alemão “Diferente dos Outros”(“Anders als die Andern”). Escrito por Richard Oswald e Magnus Hirschfeld, trata-se da primeira longa-metragem LGBTI da História. Foi uma bandeira que serviu para alavancar a luta pelos direitos sexuais. Por António José André.
Há 100 anos, o filme “Diferente dos Outros” ousou abordar o romance de dois homens. Foi uma bandeira contra o Parágrafo 175 do Código Penal alemão e serviu para alavancar a luta pelos direitos sexuais. É uma história ousada para a época, mas é compreensível que tenha surgido naquele tempo e naquele espaço.
A Revolução Russa de 1917 e a crise económica, causada pela Primeira Guerra Mundial, abalaram a Alemanha. Em 1918, foi derrubado o regime autoritário do Kaiser e proclamada a República de Weimar. Eram tempos de mudança, onde a Liga Espartaquista, liderada por Rosa Luxemburgo, teve um importante papel.
Nesse contexto, muitos direitos políticos e sociais foram conquistados. As artes floresceram no campo da vanguarda: seja na literatura ou no teatro, seja na arquitetura ou no cinema. O Expressionismo alemão deu asas à vida, tal como outras correntes estéticas.
O filme “Diferente dos Outros” era parte do trabalho militante de Magnus Hirschfeld (médico, homossexual e artista judeu), que fundou o Comitê Científico Humanitário (C.C.H.), em 1897.
O C.C.H., fundado em Berlim, realizou Encontros contra o Parágrafo 175 e promoveu uma Petição pedindo a sua revogação, que foi subscrita por muitas personalidades da época (Albert Einstein, Hermann Hesse, Thomas Mann, Rainer Maria Rilke e Leão Tolstói), entre mais de 6 mil assinaturas.
Nota: este parágrafo hediondo, promulgado em maio de 1871, considerava ilegal a homossexualidade e apenas abolido, em março de 1994.
Em 1933, quando o nazismo assumiu o poder, ilegalizou o C.C.H. e destruiu a sua enorme Biblioteca. O filme não sobreviveu na sua totalidade. Foi recortado e reeditado ao longo dos anos. Mas sobreviveu a ousadia de lutar.
Veja o filme reconstituído (em inglês) eaqui: https://vimeo.com/251002359
Ficha técnica
Título: “Diferente dos Outros” (“Anders als die Andern”) – Alemanha, 1919
Género: Drama
Direção: Richard Oswald
Roteiro: Magnus Hirschfeld, Richard Oswald
Elenco: Conrad Veidt, Leo Connard, Ilse von Tasso-Lind, Alexandra Willegh, Ernst Pittschau, Fritz Schulz, Wilhelm Diegelmann, Clementine Plessner, Anita Berber, Reinhold Schünzel, Helga Molander, Magnus Hirschfeld, Karl Giese
Duração: 50 min.
Paul Körner é um violinista famoso. Procurado pelo jovem Kurt Sivers, Körner aceita dar-lhe aulas e algo mais se desenvolve entre eles. Certo dia, os dois são vistos de braços dados na rua, por Franz Bollek. Na Alemanha, a contravenção prevista no Parágrafo 175 do Código Penal, proibia o homossexualidade. Bollek começa a chantagear Körner, ameaçando entregá-lo à polícia. A situação fica insustentável. Sivers desaparece. Levado a tribunal por Bollek, Körner é defendido por Magnus Hirschfeld.





Memórias: Carlos Monsiváis

25 06 2019

No dia 19 de junho de 2010, morreu Carlos Monsiváis. Foi um escritor, jornalista e ativista político mexicano, conhecido pela sua visão sarcástica e linguagem cáustica. Por António José André.
Carlos Monsiváis nasceu a 4 de maio de 1938, na Cidade do México. Estudou na Escola de Economia e na Faculdade de Filosofía e Letras (Universidade Nacional Autónoma de México – UNAM). Posteriormente, trabalharia na UNAM, como catedrático. Também foi docente na Universidade de Essex e no King’s College (Grã-Bretanha) e na Universidade de Harvard.(EUA).
Dotado de uma vasta bagagem cultural, Carlos Monsiváis escreveu, desde muito jovem, para diversos suplementos culturais e jornais mexicanos. Depois, colaborou com “Novedades”, “El Día”, “Excélsior”, “La Jornada”, “El Universal”, “Proceso”, “Siempre!”, “Nexos”, entre outras publicações.
As suas posições políticas e o conhecimento dos fenómenos sociais e culturais, levaram-no a questionar o autoritarismo e o conservadorismo. Carlos Monsiváis foi um ativista político, desde os anos 60, participou nas lutas estudantis. Também defendeu outras causas: o feminismo, a legalização do aborto, a luta contra as touradas, as lutas populares da América Latina (o movimento zapatista, por exemplo)….
Antologias Poéticas, Biografias (de Frida Kahlo e de Octávio Paz, por exemplo) e Ensaios são parte da extensa bibliografia de Carlos Monsiváis. Também se interessou pela Rádio, pelo Cinema e pela Música (foi diretor da coleção de discos “Voz Viva de México”, da UNAM).
Carlos Monsiváis morreu com 72 anos, a 19 de junho de 2010, na Cidade do México. Foi um dos mais importantes escritores contemporâneos, conhecido pela sua visão sarcástica e pela sua linguagem cáustica.
Veja também: https://www.youtube.com/watch?v=nXhDHWweb7w





Memórias: Ricardo Rangel

13 06 2019

No dia 11 de junho de 2009, morreu Ricardo Rangel. Foi um fotojornalista e fotógrafo moçambicano. No final dos anos 40, iniciou as primeiras denúncias contra a situação colonial. Enquanto fotografava a cidade dos colonos, Rangel revelava a desumanidade e a crueldade do colonialismo. Por António José André.

Ricardo Achiles Rangel, nasceu a 15 de fevereiro de 1924, em Lourenço Marques (atual Maputo). Descendente de uma família proveniente de gregos, africanos e chineses, cresceu na casa da sua avó situada nos subúrbios da cidade e visitava regularmente os pais.

Em 1941, Ricardo Rangel começou a carreira como aprendiz de fotógrafo no laboratório de Otílio Vasconcelos, o que lhe despertou interesse pela fotografia. Em meados dos anos 40,  trabalhou no laboratório Focus, onde ficou conhecido como impressor de preto e branco.

Em 1952, Ricardo Rangel foi o primeiro repórter fotográfico africano a entrar para o “Notícias da Tarde”. Em 1956, foi para o “Jornal de Moçambique” e depois para o “Notícias. Entre 1960 e 1964, foi fotógrafo-chefe do semanário “A Tribuna”, que abandonou por razões ideológicas.

Em 1964, Ricardo Rangel mudou-se para a cidade da Beira, onde trabalhou como fotógrafo para vários jornais; “Diário de Moçambique”, “Voz Africana” e “Notícias da Beira”. No final dos anos 60, regressou a Lourenço Marques e voltou para o “Notícias”.

Em 1970, Ricardo Rangel juntou-se a quatro jornalistas moçambicanos para fundar um semanário “O Tempo”: única publicação de oposição ao governo colonial. Era fotógrafo-chefe e documentava muitas vezes a pobreza e a política colonial.

Muitas fotografias suas foram proibidas ou destruídas pelos censores do Governo Português e não puderam ser publicadas ou exibidas até à independência de Moçambique, em 1975. Rangel foi alvo frequente da PIDE.

Em 1975, após a independência de Moçambique, Ricardo Rangel teve um papel ativo na formação de novos fotógrafos moçambicanos. Em 1977, foi nomeado chefe dos fotógrafos do “Notícias”, após a maioria dos fotojornalistas terem deixado o país.

Em 1981, Ricardo Rangel foi o primeiro diretor do semanário “Domingo”. Em 1983, fundou o Centro de Formação (Escola de Fotografia), em Maputo, sendo seu diretor até a morte, em 2009. A partir de 1983, mostrou os seus trabalhos em exposições, publicações e museus da Europa e África.

Ricardo Rangel também fundou a Associação Fotográfica Moçambicana. Em 2008, recebeu da Universidade Eduardo Mondlane um doutoramento honorário em Ciências Sociais “pela contribuição para a cultura moçambicana”.

Entre 1998 e 2003, Ricardo Rangel foi deputado eleito pelo grupo de “Cidadãos Juntos Pela Cidade” na Assembleia Municipal de Maputo.

Leia mais em:

https://noticias.sapo.mz/actualidade/artigos/recordando-ricardo-rangel-o-pao-nosso-de-cada-noite





15 JUN: “O Impossível Capitalismo Verde”

30 05 2019

No dia 5 de junho (4ª feira), vai haver uma sessão pública, promovida Por Mão Própria, para a apresentação do livro “O Impossível Capitalismo Verde” (Edições Combate), em Coimbra. O evento, que contará com as presenças de Sofia Nunes (Ativista Climáximo), Anabela Marisa Azul (Bióloga) e moderação de João Gaspar (jornalista), decorrerá no Liquidâmbar, às 18h. Contamos contigo. Traz um/a amigo/a também…

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Descrição

Por um lado, três mil milhões de pessoas vivem em condições indignas. Educação, saúde, energia, água, alimentação, mobilidade, habitação… : individualmente, estas necessidades são modestas, mas analisadas globalmente são gigantescas. Satisfazê-las só é possível aumentado a produção material. Incluindo a transformação dos recursos do meio ambiente. Ou seja, aumentando o consumo de energia, que hoje é a 80% de origem fóssil, fonte de emissões de gases de efeito de estufa.

Por outro lado, duzentos anos de produtivismo levaram o sistema climático do planeta à beira do enfarte. Para determinadas comunidades – em pequenos Estados insulares, nas regiões árticas, em zonas áridas, em vales de regiões montanhosas onde as águas escasseiam com o desaparecimento dos glaciares – o limiar de risco já foi ultrapassado. Para evitar que as alterações climáticas acelerem e que atinjam centenas de milhões de seres humanos impõe-se uma redução radical nas emissões de gases de efeito de estufa. E, por conseguinte, uma redução no consumo de energias fósseis necessárias atualmente à transformação dos recursos naturais. Ou seja, uma redução da produção material.

Daniel Tanuro confronta a necessidade de dar resposta aos anseios da maioria da população do planeta com a crise climática que o capitalismo gerou e ameaça a vida de centenas de milhões de pessoas. “O Impossível Capitalismo Verde” é um livro essencial para compreender os fundamentos do pensamento ecossocialista no século XXI.





Memórias: Marco Ferreri

9 05 2019

No dia 9 de maio de 1997, faleceu Marco Ferreri. Foi um realizador de cinema e ator italiano. O seu trabalho foi pautado pelo humor negro e pela crítica aos mitos sociais contemporâneos. Por António José André.
Marco Ferreri nasceu a 11 de maio de 1928, em Milão. Durante a sua juventude, estudou Medicina Veterinária na Universidade de Milão. Não concluíu o curso por causa do seu interesse pela Sétima Arte.
Os primeros contactos de Ferreri com o cinema foram enquanto estudava Medicina Veterinária e trabalhava para uma empresa de licores. Esse emprego levou-o a produzir spots publicitários dessas bebidas.
Marco Ferreri foi diretor de produção e começou a fazer filmes para o humorista Rafael Azcona. Em 1950, colaborou nas filmagens de “Cronaca di un Amore”, de Michelangelo Antonioni.
Em 1951, Ferreri fundou com Riccardo Ghione uma revista sobre cinema “Documento Mensile”, que contou com a colaboração de gente célebre: Alberto Moravia, Luchino Visconti e Vittorio de Sica.
Até 1958, Ferreri dedicou-se à publicação e divulgação dessa revista e à produção de filmes de baixo orçamento.
Em 1959, estreou-se como realizador, em Espanha, onde filmou “El Pisito”. Até 1968, muitos dos seus filmes foram afetados pela censura. Entre eles contou-se “Una Storia Moderna” (1963), protagonizado por Ugo Tognazzi. Em 1969, teve sucesso de bilheteira com o filme “Dillinger É Morto”.
Marco Ferreri procurou impor uma forte carga filosófica nos seus filmes. O seu trabalho foi pautado pelo humor negro e pela crítica aos mitos sociais contemporâneos. Conseguiu-o com o filme “Liza, a Submissa” (1972), uma sátira protagonizada por Catherine Deneuve e Marcello Mastroianni.
O filme que lhe trouxe reconhecimento internacional foi “A Grande Farra” (1973). Apesar de ter feito uma crítica à sociedade de consumo, o filme foi um sucesso internacional. Em Portugal, o filme só foi exibido após o 25 de abril.
Marco Ferreri gostava de ser polémico. Em “A Última Mulher”(1976), filmou uma cena de autocastração de um engenheiro. Em “Ciao Maschio” (1978), contou a história de um iluminador teatral que se suicida por não conseguir enfrentar a gravidez da namorada e a morte do seu macaco de estimação.
Em 1983, Ferreri voltou a trabalhar com Marcello Mastroianni no filme “A História de Piera”. Em 1996, dirigiu o seu último filme “Nitrato d’Argento”.
Marco Ferreri faleceu, em Paris, a 9 de maio de 1997.





Memórias: Charles Alston

3 05 2019

No dia 27 de abril de 1977, morreu Charles Alston. Foi um professor, pintor e escultor afro-americano. Fundou o Harlem Art Workshop durante a Grande Depressão. Os seus primeiros murais inspiraram-se em Diego Rivera e José Orozco. Mais tarde, o Movimento Pelos Direitos Civis teve nele uma grande influência. Por António José André.

Charles Alston nasceu em Charlotte (Carolina do Norte – EUA), no dia 28 de novembro de 1907. Filho do reverendo Primus Alston e de Ana Miller Alston, foi o mais jovem de cinco filhos. Em 1910, perdeu repentinamente o pai.

Em criança, Charles Alston copiava desenhos de comboios e carros feitos pelo seu irmão, Wendell. Também fazia esculturas em barro. Em 1915, a família mudou-se para Harlem (Nova Iorque). 

Durante a Grande Depressão, a população de Harlem sofreu economicamente. A fortaleza estóica vivida pela comunidade ficou expressa mais tarde nas obras de arte de Charles Alston. 

Na Escola Primária de Manhattan, as capacidades artísticas de Charles Alston eram conhecidas e pediam-lhe para desenhar todos os cartazes da Escola. Durante o Ensino Secundário, fez a sua primeira pintura a óleo. 

Charles Alston estudou na DeWitt Clinton High School, destacando-se pela excelência académica e foi editor de arte da revista da escola, “The Magpie”. Para além disso, estudou Desenho e Anatomia na National Academy of Design. 

Em 1925, Charles Alston frequentou a Universidade de Columbia. Entrou em Arquitetura, mas perdeu interesse ao constatar a falta de êxito de muitos arquitetos afro-americanos. 

Depois, experimentou Medicina até que entrou em Belas Artes. Charles Alson ligou-se a Alpha Phi Alpha, trabalhando no Columbia Daily Spectator e desenhando caricaturas para a revista da Escola Jester of Columbia. 

Charles Alston também trabalhou em restaurantes e clubes de Harlem, onde incrementou o amor pelo jazz e pela música negra. Em 1929, licenciou-se e foi estudar no Teachers College. Em 1931, obteve o Mestrado.

Entre 1942 e 1943, Charles Alston esteve no exército no Arizona. Depois regressou a Nova Iorque e casou-se com Myra Logan. Em janeiro de 1977, ficou viúvo. Meses mais tarde, a 27 de abril de 1977, morreu após uma longa luta contra o cancro.





Memórias: Lélia Abramo

13 04 2019

No dia 9 de abril de 2004, morreu Lélia Abramo. Foi uma atriz, sindicalista, jornalista e militante política brasileira. Lutou pelas liberdades durante todo o ciclo da ditadura militar e esteve presente em muitas atividades políticas da vida brasileira. Por António José André.
Lélia Abramo nasceu a 8 de fevereiro de 1911, em São Paulo (Brasil). Os seus pais eram imigrantes italianos. Ela fazia parte de uma família com grande militância política e presença nas artes.
A sua mãe, Afra Iole, era filha de Bortolo Scarmagnan, militante anarco-sindicalista e organizador da Greve Geral de 1917, em São Paulo. Dois dos seus irmãos (Lívio Abramo e Beatriz Abramo) eram artistas plásticos e os outros (Athos Abramo, Fúlvio Abramo e Cláudio Abramo) eram jornalistas.
A casa da sua família era um reduto para o encontro entre jornalistas, escritores, artistas e políticos da esquerda brasileira. No Brasil, Lélia Abramo participou na fundação da Oposição de Esquerda e na Frente Única Antifascista.
Entre 1938 e 1950, ela viveu em Itália, testemunhando os dramas da 2ª Guerra Mundial (bombardeamentos, comida racionada, suspensão das liberdades). Em 1958, iniciou a sua carreira de atriz com 47 anos.
Ao longo da vida, Lélia Abramo participou em 27 telenovelas, 14 filmes e 27 peças de teatro. Ajudou a construir uma dramaturgia que ínluia temas como as questões sociais .
Em 1964, Lélia Abramo foi convidada para participar da inauguração da TV Globo. Mas, a partir de 1973, passou a ser ignorada pela Globo, quando assumiu a presidência do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetaculos de Diversões (SATED) do Estado de São Paulo.
Lélia Abramo liderou a luta pela legalização da profissão de ator, que foi reconhecida na lei, em maio de 1978. Durante todo o ciclo da ditadura militar, ela lutou pela liberdade de expressão.
Fundadora do Partido dos Trabalhadores, Lélia Abramo assinou a ata da fundação do PT com Mário Pedrosa, Manuel da Conceição, Sérgio Buarque de Holanda, Moacir Gadotti e Apolônio de Carvalho. E esteve presente em muitas atividades políticas, como na campanha “Diretas Já!”.
No dia 9 de abril de 2004, Lélia Abramo morreu, vítima de uma embolia pulmonar, com 92 anos. Ela “nunca vergou a espinha, nunca sacrificou a consciência à conveniência e, desde muito jovem, se opôs à injustiça da sociedade…” (prefácio do livro “Vida e Arte).

 





Memórias: Allen Ginsberg

4 04 2019

No dia 5 de abril de 1997, morreu Allen Ginsberg. Foi um escritor, filósofo e ativista norte-americano. Fez parte do núcleo duro da Beat Generation: movimento que rejeitava os valores tradicionais e contribuiu para uma revolução cultural, nos anos 50 e 60. Por António José André.
Allen Ginsberg nasceu a 3 de junho de 1926, em New Jersey (EUA). O pai era professor, poeta e socialista. A mãe era comunista radical. Em criança, viveu episódios paranóicos da mãe e descobriu que gostava de meninos.
Na Escola Secundária, Ginsberg encantou-se com a obra de Walt Whitman. Depois de findar o secundário, inscreveu-se na Universidade de Columbia (Nova Iorque) graças a uma bolsa da associação Young Men’s Hebrew.
Naquela cidade, tornou-se amigo dalguns jovens (Lucien Carr, Jack Kerouac, William Burroughs e Neal Cassady) interessados em drogas, literatura e sexo. Ginsberg e os seus companheiros foram expulsos da Universidade.
Ginsberg acreditava que aquele grupo se dirigia para uma nova visão poética. Experimentou anfetaminas e marijuana. Frequentou bares gays. E começou uma relação amorosa com Neal Cassady.
Em 1954, Ginsberg mudou-se para São Francisco, cidade onde a Beat Generation estava a ganhar força graças à atividade dos poetas, Kenneth Rexroth e Lawrence Ferlinghetti, fundadores da editora e livraria “City Lights”.
Ginsberg tinha escrito muita poesia, mas quase nada tinha publicado. Em 1956, a City Lights Books publicou, “Howl and Other Poems” (“Uivo e Outros Poemas”). Considerado “obsceno”, foi apreendido pelos serviços alfandegários e pela polícia, sendo alvo dum longo processo judicial.
Os argumentos de vários poetas, críticos e professores universitários (Kenneth Rexroth, Walter V. T. Clark e Mark Schorer) convenceram o juiz. Terminado o processo, tornou-se o livro de poesia mais vendido nos EUA.
Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroughs foram o núcleo duro da Beat Generation: movimento que rejeitava os valores tradicionais e contribuiu para uma revolução cultural nos anos 50 e 60.
Ginsberg viajou pelo mundo. Descobriu o budismo. Apaixonou-se por Peter Orlovsky: seu companheiro para o resto da vida. Nos anos 1960, ajudou Timothy Leary a divulgar o LSD. Em 1968, foi um ativista importante contra a Guerra do Vietname.
Ativista durante toda a vida, Ginsberg falava abertamente sobre drogas, homossexualidade e liberdade. Manteve uma publicação regular ao longo da vida. Os seus livros constituíam um apelo à paz e à defesa dos mais desfavorecidos.
Ginsberg manteve a sua agenda social ativa até 5 de abril de 1997: dia em que morreu, na sequência de cancro do fígado. Tinha 70 anos. Antes de morrer, ligou aos amigos e familiares dizendo o seu último poema.
Datado de 30 de março, “Things I’ll Not Do” (Nostalgias) era uma lista de coisas que gostaria de fazer: visitar a Bulgária; beber chá de menta em Marrocos; olhar para a Esfinge, enquanto o sol se punha no deserto…
Leia também: http://www.litkicks.com/AllenGinsberg





Conversas sobre Cannabis – 1

2 04 2019

Começaram ontem as “Conversas sobre Cannábis”, promovidas Por Mão Própria, contando com as presenças de Bruno Maia (Médico), Laura Santos (Cannativa), Luís Hortas (Novo Olhar) e João Bizarro (Jornalista). Falou-se, entre outros assuntos, sobre a história desta planta e seus derivados, bem como da sua utilização para fins medicinais e recreativos. Em junho, vão continuar estas “Conversas sobre Cannabis”.





Memórias: Yuri Gagarin

29 03 2019

No dia 9 de março de 1934, nasceu Yuri Gagarin. Foi um astronauta soviético e o primeiro ser humano a viajar no espaço. Morreu a 27 de março de 1968, durante o voo num MIG-15. Por António José André.
Yuri Gagarin nasceu a 9 de março de 1934, num kolkoz de Khouchino, (Distrito de Gjatski, que se passou a chamar Gagarin, em sua homenagem), na União Soviética. A mãe era uma leitora e o pai um hábil carpinteiro.
Gagarin foi o terceiro de 4 filhos. A irmã mais velha ajudou a criá-lo, enquanto os pais trabalhavam. Quando jovem, interessava-se pelo espaço. O professor de Matemática e Ciência, que esteve na Força Aérea Soviética durante a IIª Guerra Mundial, foi uma importante influência para o jovem.
Gagarin começou o curso de moldador numa Escola Profissionalizante perto de Moscovo. Em 1951, estagiou numa metalúrgica e foi selecionado para a Faculdade Industrial de Saratov.
Entretanto, filiou-se no aeroclube local e aprendeu a pilotar aviões leves. Em 1955, concluiu a formação técnica e entrou para a Escola de Pilotos de Orenburg, onde recebeu treino militar. Em 1957, tornou-se piloto de MiG-15.
Em novembro de 1957, tornou-se Tenente da Força Aérea Soviética. Em 1960, foi um dos 20 pilotos selecionados, após rigorosos testes físicos e psicológicos, para o programa espacial soviético.
Gagarin foi escolhido para a primeira viagem espacial pelo seu desempenho no treino, a sua origem camponesa e as suas características físicas (1,57m e 69 kg), já que a nave tinha um espaço mínimo para o piloto.
Com 27 anos, Gagarin foi o primeiro ser humano a ir ao espaço na Vostok1, que deu uma volta completa ao planeta, no dia 12 de abril de 1962. Esteve em órbita 108 minutos, a 315km de altura, num voo automatizado à velocidade de 28.000km/h.
A Vostok1 tinha 4,4m de comprimento, 2,4m de diâmetro e pesava 4.725kg. A nave tinha 2 módulos: o dos equipamentos (instrumentos, antenas, tanques e combustível para retrofoguetes) e o da cápsula para um piloto.
A Agência Tass anunciou o acontecimento e Gagarin tornou-se uma celebridade soviética e mundial. Viajou pelo mundo promovendo a tecnologia espacial soviética e sendo recebido como herói por onde passava.
Em 1962, foi deputado no Soviete Supremo da União Soviética. Depois, voltou à Cidade das Estrelas (centro espacial soviético), trabalhando no design de novas aeronaves.
Estudou na Academia de Engenharia Aeronáutica Zhukovsky. Em 1968, iniciou treinos com MiG-15. A 27 de março de 1968, durante o voo num MIG-15, Gagarin e o instrutor, Vladimir Seryogin, morreram na queda do jato.
Gagarin e Seryogin receberam honras de Estado e foram enterrados no Kremlin.





1 ABR: Conversas sobre Cannabis

26 03 2019

No dia 1 de abril (2ª feira), vai haver “Conversas sobre Cannaábis”, às 18h, na Galeria Santa Clara (Coimbra). O evento, que contará com a presença de Bruno Maia (Médico), Laura Santos (Cannativa) e Luís Hortas (Novo Olhar), será moderado por João Bizarro (Jornalista). Contamos contigo. Traz amigos/as…
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Portugal não pode perder mais tempo…
Segundo o último inquérito nacional: 1 em cada 10 portugueses já consumiu cannábis, pelo menos 1 vez na vida, mas há tendência para o aumento, entre pessoas de 25 a 44 anos; quase meio milhão de portugueses consome cannábis; jovens começam a consumir com idade média de 17 anos, mas demonstram uma diminuição do consumo.
A política proibicionista não é uma solução…
A legalização da cannábis para uso recreativo está em debate. Defende-se a venda deste produto a maiores de 18 anos e que não padeçam de doença psíquica. Propõe-se a proibição de publicidade a produtos à base de cannábis e a estabelecimentos de venda. Defendem-se embalagens neutras e informativas, que alertem para eventuais danos para a saúde.
Propõe-se a legalização da cannábis para consumo pessoal não-medicinal. A lei deverá regular a produção, o cultivo, a comercialização, a aquisição, a detenção e o consumo da planta ou seu derivados.
Legalizar a compra e venda pode ser uma fonte de receita fiscal….





Memórias: Spike Lee

19 03 2019

No dia 20 de março de 1957, nasceu Spike Lee. É um realizador, escritor, produtor e ator norte-americano. Também ensina Cinema na Universidade de Nova Iorque. É uma das figuras mais controversas da cultura afro-americana. Por António José André.
Spike Lee nasceu no dia 20 de março de 1957, em Atlanta (sul dos EUA), com o nome de Shelton Jackson Lee. Filho de Bill Lee (baixista de Jazz) e de Jaqueline (professora de arte), que o apelidou de Spike.
Spike mudou-se com a família, quando tinha 3 anos, para Brooklyn (Nova Iorque). Estudou no St.Ann’s College. Depois, frequentou o Morehouse College de Atlanta (escola para a comunidade afro-americana), onde se diplomou em Comunicação Social (1978).
Frequentou a Escola de Arte da Universidade de Nova Iorque, onde realizou uma série de curtas metragens, que foram usadas na sua tese (1983). Posteriormente, a série foi apresentada e premiada no Festival de Locarno.
A sua primeira longa metragem “Lola Darling” (1986), foi escrita e interpretada por ele próprio e laureada, em Cannes. Esse filme constitui um dos maiores registos do cinema afro-americano.
Spike é um dos poucos realizadores que consegue equilibrar os seus interesses políticos com os da indústria de Hollywood. Todas as suas produções têm éxito, quer pela controvérsia que geram, quer pelo conteúdo.
A sua produtora, “40 Acres & Mule Filmworks”, divide as produções dos seus filmes com anúncios para televisão e videoclips para Tracy Chapman, Miles Davis, Chaka Khan, Anita Baker, Public Enemy e Michael Jackson.
Combinando a arte com o negócio, Spike Lee encarregou-se de campanhas de publicidade para a Levi´s e para a Nike, filmando Michael Jordan para uma linha de roupa e sapatilhas ‘Air Jordan’.
Spike Lee é um dos realizadores de cinema mais apreciados e uma das figuras mais controversas da cultura afro-americana. Entre os seus filmes, destacam-se “MalcolmX” (1992), “Faça a Coisa Certa” (1989) e “BlaKkKlansman: O Infiltrado” (2018).
Veja aqui a sua filmografia:
http://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-9680/filmografia/





Charles Bukowski morreu há 25 anos

12 03 2019

Charles Bukowski (Photo byJARNOUX Patrick/Paris Match via Getty Images)

No dia 9 de março, morreu Charles Bukowski. Foi um poeta, cronista e romancista norte-americano, que não se pareceu com nenhum autor da sua geração. A sua obra fascinou muita gente. Por António José André.
Charles Bukowski nasceu a 16 de agosto de 1920, em Andernach (Alemanha). Em 1922, os seus pais mudaram-se para Los Angeles. Era filho único. Teve uma infância e adolescência horrendas. O pai era violento. A mãe era calada e não ajudou a controlar a tirania paternal.
Na passagem para a adolescência, dois factos marcaram a sua vida. Por um lado, teve um acne extremo. Por outro, o pai começou a bater-lhe sistematicamente com um cinturão de couro.
Bukowski vivia num bairro operário e de classe média baixa. Durante a infância, devido à depressão económica, a maioria das pessoas não tinha trabalho.
O seu pai, também desempregado, todas as manhãs levantava-se e desaparecia, fingindo que ia trabalhar, durante o día. A mãe teve que compensar, ganhando dinheiro em empregos ocasionais.
O ambiente do seu bairro era violento e hostil, tanto entre adultos como entre crianças. Bukowski, pela sua predisposição para a solidão e pela horrível condição da sua pele, foi condenado ao ostracismo.
No fim da adolescência, Bukowski teve o seu batismo no alcool e na escrita: os eixos principais da sua vida. Quanto à primeira vez que provou vinho, escreveu: “Era mágico. Por que nunca me tinham dito? Com isto, a vida é maravilhosa.”
Descobriu o seu talento de escritor, quando a professora do quinto ano pediu aos alunos que fossem, durante um fim de semana, assistir a uma sessão pública do presidente Herbert Hoover (de visita a Los Angeles).
Bukowski não se animou com a ideia de pedir ao pai para o levar e inventou uma crónica. A professora deu conta do facto e falou do caso à turma, elogiando a sua imaginação.
Aos 14 anos, fez um tratamento ao acne. Os médicos tiveram que abrir os seus furúnculos cheios de pus, que tapavam a cara, o peito e as costas. Esse episódio foi literalmente uma tortura para Bukowski.
Durante um longo repouso em casa, começou a escrever, inventando contos sobre um aviador alemão da Primeira Guerra Mundial. Esses cadernos juvenis não existem, porque o pai os atirou-os para o lixo.
Durante a sua juventude, Bukowski descobriu a literatura, na Biblioteca pública. Foi uma descoberta parecida com a do álcool: produziu-lhe um grande alívio existencial.
Bukowski esteve na Universidade pública de Los Angeles, durante dois anos. Ali começou a beber a sério e a escrever. Em 1939, abandonou a Universidade e mudou-se para Nova Iorque.
Em 1944, Bukowski foi preso pelo FBI porque não se tinha inscrito no serviço militar obrigatório. No entanto, ficou isento de ir para a guerra, porque ficou reprovado no exame psicológico do exército.
Nessa época, Bukowski viajou muito e procurou trabalhos não especializados (em fábricas, restaurantes…) com o objetivo de ter tempo livre para escrever.
Bukowski escrevia contos e enviava-os para as grandes revistas literárias e culturais: “The Atlantic”, “Harpers” e “The New Yorker”. Tudo isso foi sempre refutado, mas nunca desanimou.
Quando tinha 24 anos, um conto seu foi aceite por uma pequena e prestigiada revista “Story Magazine”. Um importante agente literário de Nova Iorque escreveu a Bukowski a dizer que o queria representar.
Bukowski respondeu que ainda não estava preparado. Em vez de começar uma carreira literária, agarrou-se a uma borracheira durante 10 anos. Nesses anos, acumulou experiências e vivências que se converteram na sua obra.
Bukowski escreveu mais de 50 livros, incluindo 5 novelas autobiográficas. Os seus versos sobre ócio, alcoolismo, sexo embriagado, corridas de cavalos e violência doméstica são inimitáveis.
Charles Bukowski não se pareceu com nenhum autor da sua geração. A sua obra fascinou muita gente. Viveu até aos 73 anos. Faleceu há 25 anos: a 9 de março de 1994.

 

 





Memórias: 8 de MARÇO

6 03 2019

Desde 1911, o dia 8 de MARÇO é o Dia Internacional da Mulher. Muitas comemorações e manifestações se sucederam até hoje. Para o dia 8 de MARÇO deste ano, estão convocadas manifestações, exigindo mudanças na justiça e proteção das vítimas de violência de género. Este é um dia de solidariedade, dia de alegria e também de luta… Por António José André.
1857 – Em Nova Iorque, operárias têxteis fazem greve e descem à rua para exigir a redução do tempo de trabalho, de 16 para 10 horas por dia, e salários iguais ao dos homens.
1909 – Em Nova Iorque, manifestação com milhares de mulheres exigindo melhores condições de vida e direito de voto.
1910 – Em Copenhaga, durante o Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, Clara Zetkin propõe que 8 de Março se torne o Dia Internacional da Mulher.
1911 – O Congresso da II Internacional Socialista aprova a proposta de Clara Zetkin.
1911 – Mais de um milhão de mulheres celebram este dia, na Alemanha, Áustria, Dinamarca e França.
1914 – Em França e na Alemanha há manifestações contra a guerra e pela libertação de Rosa Luxemburgo.
1915 – Alexandra Kolontai organiza uma manifestação contra a guerra, em Berna. Mulheres russas, italianas, francesas, polacas, alemãs, holandesas e inglesas apelam contra a guerra.
1917 – Em Petogrado, as mulheres descem à rua para reclamar pão e o fim da guerra. Convidam o povo a unir-se a elas. A cidade subleva-se: é o principio da revolução de Fevereiro.
1925 – Em Paris, manifestação de mulheres contra a guerra colonial, em Marrocos.
1937 – Em Espanha, manifestação de mulheres contra o franquismo.
1943 – Em Itália, manifestação de mulheres contra o fascismo.
1945 – A União das Mulheres Francesas organiza uma primeira manifestação de mulheres.
1970 – No Uruguai, 13 guerrilheiras Tupamaras evadem-se da prisão de Montevideo.
1971 – Em Portugal, as mulheres comemoram com um piquenique, sendo atacadas pela G.N.R.
1974 – No Vietname, manifestação de mulheres contra a ocupação americana.
1975 – Em Portugal, as mulheres comemoram livremente o Dia Internacional da Mulher, pela primeira vez.
1977 – Em Espanha, as mulheres comemoram em liberdade este dia. Desde 1937, que o franquismo não o deixava fazer.
1980 – Em Itália, as mulheres organizam festas e manifestações. A revista “Noi Donni” dedica um número ao tema: “Anos 70 e a luta das mulheres”.
1982 – Em França, as mulheres francesas menifestam-se para que 8 de Março seja feriado nacional.
Muitas comemorações e manifestações se sucederam até hoje. Para o dia 8 de MARÇO deste ano, estão convocadas manifestações, exigindo mudanças na justiça e proteção das vítimas de violência de género, em Albufeira, Amarante, Aveiro, Braga, Coimbra, Covilhã, Fundão, Lisboa, Ponta Delgada, Porto, Viseu e Vila Real.





Memórias: Alexandre de Fisterra

13 02 2019

No dia 9 de fevereiro de 2007, morreu Alexandre de Fisterra. Foi um dos inventores do futebol de mesa ou jogo de matraquilhos. Também foi um poeta, editor e exilado, entre muitas outras coisas. Por António José André.
Alexandre de Fisterra nasceu, no dia 6 de maio de 1919, em Fisterra (Corunha). Ali viveu até aos 5 anos, mudando-se depois para a cidade da Corunha. Em 1934, foi tirar um bacharelato em Madrid.
Entretanto, a sapataria do pai faliu. Alexandre tinha 9 irmãos e o pai deixou de poder pagar-lhe o colégio privado onde estudava. O diretor pô-lo a corrigir deveres dos alunos, pagando assim a sua matrícula.
Alexandre de Fisterra trabalhou na construção civil e numa tipografia. Conheceu León Felipe e com Rafael Sánchez Ortega editaram o jornal “Paso a la juventud”, que foi vendido nas ruas.
Em Novembro de 1936, Alexandre ficou soterrado num dos bombardeamentos de Madrid durante a Guerra Civil Espanhola. Foi para Valência, mas os seus ferimentos eram graves e levaram-no para um hospital de Montserrat.  Nesse hospital, conheceu muitos jovens, feridos como ele, incapazes de jogar futebol, e assim pensou num jogo de futebol, inspirando-se no jogo de ténis de mesa.
Alexandre confiou a um amigo, Francisco Xavier Altuna, carpinteiro basco, o fabrico do seu primeiro jogo de matraquilhos. Não o pôde comercializar, pois todas as fábricas de jogos estavam a fabricar armas para a guerra.
Em janeiro de 1937, Alexandre patenteou a sua invenção, em Barcelona. Devido ao triunfo franquista, teve de se exilar. Atravessou a pé os Pirenéus e por causa da chuva, que caiu durante 10 dias, perdeu a patente que levava.
Estando em París, no ano de 1948, Alexandre conseguiu uns vistos que lhe permitiram viajar para Quito (Equador), onde fundou a revista “Ecuador”. Em 1950, teve que fugir para o México, por causa do golpe de Estado.
Em 1952, Alexandre foi para a Guatemala, onde aperfeiçoou o jogo incorporando barras de aço e melhorando a qualidade do material. Depois, começou a fabricá-lo e tentou comercializá-lo..
Na década de 1960, Alexandre foi enviado de avião para o Panamá. Durante o voo, ameaçou o piloto, dizendo-lhe que tinha explosivos. Esse deve ter sido um dos primeiros desvios de avião.
Alexandre surpreendeu-se ao ver que os jogo de matraquilhos se estendera amplamente, em Espanha, já que grande parte da sua divulgação se deveu a fabricantes valencianos, que o assumiram como um jogo nacional.
Mais tarde, Alexandre foi para o México onde encontrou amigos poetas e escritores. Assim, dedicou-se às artes gráficas. Fundou e presidiu ao “Editorial Finisterre Impresora”. Editou a revista do centro galego do México..
Após a morte do ditador Franco, Alexandre Fisterra voltou para Espanha, onde continuou a escrever. Faleceu em Zamora, com 87 anos. As suas cinzas foram lançadas no rio Douro e no Atlântico.





Memórias: Halldór Laxness

5 02 2019

No dia 8 de fevereiro de 1998, morreu Halldór Laxness. Foi um escritor islandês. Tendo sido controverso pelas suas posturas radicais, foi uma figura dominante na literatura islandesa, ao longo do século XX. Por António José André.
Laxness nasceu, no dia 23 de abril de 1902, como Halldór Kiljan GudJonsson, mas adotou como apelido o nome de um bairro da periferia de Reiquiavique, cidade onde nasceu.
Aos 14 anos, Laxness escreveu o seu primeiro artigo para o jornal “Morgunblaðið”. Aos 19 anos, publicou o primeiro conto no mesmo jornal. Durante a sua juventude, Laxness viajou bastante e residiu fora da Islândia.
Nos vários países da Europa continental onde viveu, sentiu-se influenciado pelo surrealismo e pelo expressionismo alemão. A sua posterior estadia nos Estados Unidos, fê-lo deixar a fé católica, tornando-se ateu.
O socialismo foi o prisma através do qual Laxness observou o mundo durante os anos trinta e quarenta, tendo sido defensor da União Soviética, até à invasão da Hungria, em 1956.
Laxness foi duramente atacado pela sociedade conservadora. Mas os jovens islandeses viam nele alguém capaz de dar novos valores à sociedade. Tendo sido controverso pelas suas posturas radicais.
Laxness foi uma figura dominante na literatura islandesa, ao longo do século XX.
Durante a sua vida, Halldór Laxness escreveu 51 romances, poesia, artigos de jornal, livros de viagens, peças de teatro, contos e outras obras. Em 1955, ganhou o Prémio Nobel da Literatura. Em Portugal, foram editados pela Cavalo de Ferro: “Os peixes também sabem cantar”, “Gente Independente” e “O Sino da Islândia”.
Laxness foi uma figura dominante na literatura islandesa, ao longo do século XX. Faleceu a 8 de fevereiro de 1998, com 95 anos.





Memórias: Rosa Luxemburgo

11 01 2019

No dia 15 de janeiro de 1919, norreu Rosa Luxemburgo. Foi uma filósofa e economista polaco-alemã, conhecida pela militância revolucionária no Partido Social-Democrata Alemão (SPD) e pela criação do Partido Comunista Alemão (KPD). Por António José André.
Rosa Luxemburgo nasceu, a 5 de março de 1871. Era a mais nova de cinco filhos de uma família judaica polaca de classe média. Desde muito jovem, começou a interessar-se por política.
Em 1889, Rosa Luxemburgo deixou a Polónia e foi para Zurique (Suíça), onde estudou Ciências Naturais e Economia Política. Em 1898, casou-se com um trabalhador alemão, Gustavo Lubeck, e adquiriu a cidadania alemã.
Depois, foi viver para Berlim e filiou-se no SPD: na ocasião a mais importante organização do socialismo internacional. Ainda antes da Primeira Guerra Mundial, Rosa Luxemburgo teve posições ideológicas firmes.
Rosa Luxemburgo defendia uma greve geral que poderia radicalizar a ação dos trabalhadores e dar lugar a uma revolução socialista internacional. Ela e companheiros da esquerda do SPD opunham-se à participação da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. vendo-a como um conflito imperialista que não beneficiaria os trabalhadores.
Em dezembro de 1914, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht fundaram a Liga Espartaquista, em homenagem a Spartacus (escravo que, em 73 A.C., liderou escravos fugidos da escola de gladiadores, em Capua, que lutaram contra a classe dirigente romana, durante 2 anos, com 90 mil homens).
Em 1915, Rosa Luxemburgo publicou o livro, “A Crise na Social-Democracia Alemã”, no qual acusava a social-democracia de ter traído a classe operária alemã ao defender um esforço de guerra de cunho capitalista e imperialista.
“A única solução para a crise”, afirmava Rosa Luxemburgo, “devia ser uma revolução internacional de classe”. Em maio de 1916, após uma manifestação espartaquista contra a Guerra, Rosa Luxemburgo foi detida.
Em novembro de 1918, Rosa Luxemburgo foi libertada. Nessa altura, começou a transformação da Liga em Partido Comunista Alemão (KPD). Em janeiro de 1919, os espartaquistas reuniram-se, em Berlim, para desencadear uma revolta contra o governo de Von Baden e Friedrich Ebert.
Rosa Luxemburgo juntou-se a eles relutantemente, defendendo que a insurreição deveria ter um amplo apoio popular. Mas não os conseguiu impedir. A 10 de janeiro, os espartaquistas lançaram um ataque.
Ebert ordenou que o exército subjugasse a revolta. Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht foram capturados e assassinados. O corpo de Rosa Luxemburgo foi atirado para um canal, em Berlim, sendo recuperado 5 meses mais tarde.
No dia 15 de janeiro de 1919, norreu Rosa Luxemburgo. Foi uma filósofa, economista e militante marxista cuja morte a tornou mártir da revolução socialista internacional.
Clara Zetkin, sua companheira espartaquista, escreveu: “Em Rosa Luxemburgo, o ideal socialista era uma paixão dominante e poderosa tanto da mente como do coração. Era a espada e a chama da revolução”.
Veja as seguintes obras em:
https://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/index.htm
1894 – “Quais são as origens do Dia dos Trabalhadores?”
1898 – “Oportunismo e a Arte do Possível”
1899 – “Liberdade de Crítica”
1900 – “Reforma ou Revolução”
1902 – “A Jornada de Oito Horas no Congresso do Partido”
1903 – “A Teoria Marxista e o Proletariado”
1903 – “Estagnação e Progresso do Marxismo”
1905 – “A Revolução na Rússia”
1905 – “O Socialismo e as Igrejas”
1908 – “25° Aniversário da Morte de Marx”
1909 – ” A Questão Nacional e a Autonomia”
1911 – “Um Equívoco Engraçado”
1914 – “A Proletária”
1915 – “A Crise da Social-Democracia”
1918 – “Assembleia Nacional ou Governo dos Conselhos?”
1918 – “A Socialização da Sociedade”
1919 – “A Ordem Reina em Berlim”





Memórias: Ousmane Sembène

4 01 2019

No dia 1 de janeiro de 1923, nasceu Ousmane Sembène. Foi um escritor, diretor de cinema e ativista político senegalês. Considerado “pai” do Cinema Africano e uma das figuras proeminentes da literatura do sub-Sahara. Por António José André.
Ousmane Sènembe nasceu a 1 de janeiro de 1923, em Zinguinchor, povoação situada na região de Casamance (Senegal). Filho de pescadores, frequentou a Escola até aos 14 anos.
Aos 15 anos, Sènembe começou trabalhar, passando por várias profissões: pescador, aprendiz de mecânico, pedreiro, operário da ferrovia e militar. Participou em campanhas, na Itália e França, contra o fascismo e nazismo.
Depois da Segunda Guerra Mundial, Sènembe trabalhou em Marselha como estivador e tornou-se ativista sindical. Esta experiência proporcionou-lhe estudar o tema do seu primeiro livro, “Le Docker Noir” (1956).
Em 1950, filiou-se no Partido Comunista Francês, onde militou até à independência do Senegal (1960). Ousmane Sènembe formou-se como realizador de cinema, nos Estúdios Gorki de Moscovo.
De regresso a África, Sènembe desenvolveu uma dupla atvidade criativa, como escritor e realizador de cinema. Em 1963, dirigiu o seu primeiro filme “Borom Sarret” ao qual se seguiram outros 14 mais.
Sembène denunciou o nepotismo e a corrupção no filme “Le Mandat”, sendo censurado pelas críticas feitas à burguesía e à aristocracia local. Em 1969, fundou a FEPACI (Federação PanAfricana de Cineastas), que defendia os direitos deste coletivo na promoção de cinema africano.
Em 2000, Sembène iniciou um tríptico sobre o heroísmo quotidiano da mulher africana com “Faat Kiné”. Em 2005, saiu o segundo filme “Moolaadé” (2005). O terceiro não chegou a ser concluído.
“Quero manter a minha estética o mais próximo possível da narrativa oral tradicional dos nossos países. Não uso métodos de Hollywood ou do cinema europeu. A minha meta é criar uma linguagem africana”, declarou Sembène.
Ousmane Sènembe, que faleceu 9 de junho de 2007, em Dakar, é considerado “pai” do Cinema Africano e uma das figuras proeminentes da literatura do sub-Sahara.
Veja também este documentário:





14 JAN: Apresentação do livro “O Espectro dos Populismos”

31 12 2018


No dia 14 de janeiro (segunda feira), vai haver uma sessão, promovida Por Mão Própria, para a apresentação do livro “O Espectro dos Populismos” (edição: Tinta da China, 2018), que contará com as presenças de Francisco Louçã, Cecília Honório e José Manuel Pureza, sendo moderado por Camilo Soldado (jornalista). O evento decorrerá, no Café Sta Cruz, a partir das 21h30. Contamos contigo…
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Sinopse: “Há hoje um “espectro” que percorre a mundo: o espectro do populismo. Mas de que falamos quando falamos de populismo? O que é que o caracteriza de um ponto vista social, cultural e político? Como pode ser interpretado? Deve ser combatido? Se sim, como?
Os termos “populismo” e “populista” são diariamente convocados no espaço político, mediático e no senso comum, para classificar adversários políticos e as suas propostas. Foi a explosão de forças populistas pelo mundo, e a imprecisão e leviandade com que este termo tem sido usado no debate público, que motivaram os autores a escrever este livro.
Trata-se de um debate essencial para salvaguardar as democracias e para nelas aprofundar a participação dos cidadãos. A clarificação do conceito, a história e a política do(s) populismo(s), a sua relação com a ideologia, o seu valor instrumental para o centro político e para a direita, a sua aplicação na retórica neoconservadora, mas também as suas expressões entre a esquerda e os seus contextos geopolíticos – são algumas das linhas de força aqui presentes.
Pensar o populismo para o compreender e combater, é o desafio a que este livro se propõe.
Textos de Boaventura de Sousa Santos, Cecília Honório, Fernando Rosas, Francisco Louçã, João Mineiro, José Manuel Pureza, José Manuel Sobral, Luís Trindade e Manuel Loff.”





Memórias: Charles Alston

29 11 2018

No dia 28 de novembro de 1907, nasceu Charles Alston. Foi um professor, pintor e escultor afro-americano. Fundou o Harlem Art Workshop durante a Grande Depressão. Nos primeiros anos, centrou-se no retrato. Os seus primeiros murais inspiraram-se em Rivera e Orozco. Mais tarde, o Movimento Pelos Direitos Civis teve nele uma grande influência. Por António José André.
Charles Alston nasceu, em Charlotte (Carolina do Norte – EUA), a 28 de novembro de 1907. Filho do reverendo Primus Alston e de Ana Miller Alston, ele foi o mais jovem de 5 filhos. Em 1910, o seu pai morreu repentinamente.
Em criança, Alston copiava desenhos de comboios e carros feitos pelo seu irmão, Wendell. Também fazia esculturas em barro. Em 1915, a família mudou-se para Harlem (Nova Iorque).
Durante a Grande Depressão, a população de Harlem sofreu economicamente. A fortaleza estóica vivida por essa comunidade ficou expressa mais tarde nas obras de arte de Charles Alston.
Na Escola Primária de Manhattan, as capacidades artísticas de Charles Alston já eram conhecidas e pedíam-lhe para desenhar todos os cartazes da Escola. Durante o Ensino Secundário fez a sua primeira pintura a óleo.
Charles Alston estudou na DeWitt Clinton High School, destacando-se pela excelência académica e foi editor de arte da revista da Escola: “The Magpie”. E estudou Desenho e Anatomia, na National Academy of Design.
Em 1925, Charles Alston frequentou a Universidade de Columbia. Entrou em Arquitetura, mas perdeu interesse ao constatar a falta de êxito de muitos arquitetos afro-americanos.
Depois, experimentou Medicina até que entrou em Belas Artes. Charles Alson ligou-se a Alpha Phi Alpha, trabalhando no Columbia Daily Spectator e desenhando caricaturas para a revista da Escola Jester of Columbia.
Alston também trabalhou em restaurantes e clubes de Harlem, onde incrementou o amor pelo jazz e pela música negra. Em 1929, licenciou-se e foi estudar no Teachers College. Em 1931, obteve o Mestrado.
Entre 1942 e 1943, Alston esteve no Exército, no Arizona. Depois regressou a Nova Iorque e casou-se com Myra Logan, em 8 de abril de 1944. Em janeiro de 1977, morreu Myra Logan. Meses mais tarde, a 27 de abril de 1977, morreu Charles Alston após uma lomga luta contra o cancro.
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Enquanto estudava para o Mestrado, Alston foi diretor da Casa das Crianças da Utopia, iniciada por James Lesesne Wells. Ele começou a lecionar influenciado pela obra de John Dewey, Arthur Wesley Dow e Thomas Munro.
Alston foi introduzido na Arte Africana pelo poeta Alain Locke. Em 1938, recebeu uma verba do Fundo Rosenwald e viajou para o sul com Giles Hubert, (inspetor da Farm Security Administration), onde fotografou situações da vida rural.
As fotografias serviram de base para uma série de retratos “que representam a vida do negro do SUL”. Em 1940, recibeu uma segunda verba do Fundo Rosenwald e passou um tempo prolongado na Universidade de Atlanta.
Entre 1930 e 1940, Alston fez ilustrações para as revistas “Fortune”, “Mademoiselle”, “Yorker Melody Maker”, entre outras. Também desenhou capas de discos de vários artistas como Duke Ellington e Coleman Hawkins.
Em 1940, Alston trabalhou no Gabinete de Informação da Guerra e Relações Públicas criando imagens de afro-americanos, utilizadas em mais de 200 jornais pelo governo para “fomentar a boa vontade da cidadania negra”.
Depois, Charles Alston deixou o trabalho comercial e centrou-se na sua própria obra de arte. Em 1950, foi o primeiro instrutor afro-americano da Art Students League, onde permaneceu até 1971.
Em 1950, as pinturas de Charles Alson foram expostas no Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque, Em 1956, foi o primeiro primeiro instrutor afro-americano no Museu de Arte Moderna.
Alson foi coordenador do Centro de Crianças da Expo 58. Nesse ano, foi eleito para a Academia Americana de Artes e Letras. Em 1963, co-fundou “Alston Espiral” com Romare Bearden, Hale Woodruff e outros artistas: Emma Amos, Perry Ferguson e Merton Simpson. Em 1968, Alston foi nomeado para o Conselho Nacional da Cultura e Artes.
Charles Alson fundou o Harlem Art Workshop durante a Grande Depressão. Nos primeiros anos, centrou-se no retrato. Os seus primeiros murais inspiraram-se em Diego Rivera e José Orozco. Mais tarde, o Movimento Pelos Direitos Civis teve nele uma grande influência.





Memórias: António Aleixo

14 11 2018

Hoje na história: no dia 16 de novembro de 1949, morreu António Aleixo. Foi um poeta popular português. Famoso pela sua ironia e pela crítica social, é recordado por ter sido simples, humilde e ter deixado uma obra poética singular. Por António José André.
António Aleixo nasceu a 18 de fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António. Começou a frequentar a Escola Primária, em 1907. Revelou o seu talento de improvisador, quando tinha dez anos de idade.
Entre 1912 e 1919, António Aleixo foi aprendiz de tecelão e pastor de rebanhos. Entre 1919 e 1921, esteve no serviço militar. Em 1924, alistou-se na polícia. Entre 1928 e 1930, esteve em França e foi servente de pedreiro.
António Aleixo regressou a Portugal. Entre 1931 e 1933, foi vendedor de gravatas, cauteleiro e cantor nas feiras portuguesas, atividades que lhe renderia a alcunha de “poeta-cauteleiro”.
Em 1943, António Aleixo foi internado no Sanatório dos Covões (Coimbra), por causa duma tuberculose. Em Coimbra, conheceu novos amigos, que reconheceram o seu talento: Armando Gonçalves e Miguel Torga.
António Aleixo faleceu, no dia 16 de novembro de 1949, com 65 anos, em Loulé, após uma vida recheada de pobreza, mudanças de emprego, emigração e tragédias familiares e doenças,
Famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, António Aleixo é recordado por ter sido simples, humilde e por ter deixado como legado uma obra poética singular.
António Aleixo deixou a seguinte obra escrita: “Quando Começou a Cantar”, «Este livro que vos deixo», «O Auto do Curandeiro», «O Auto da Vida e da Morte», «O Auto do Ti Jaquim» e «Inéditos».
Em sua homenagem, foi construído um monumento, em Loulé, em frente ao “Café Calcinha”. O antigo Liceu de Portimão passou a chamar-se Esc. Secundária Poeta António Aleixo. Existe a «Fundação António Aleixo», que atribui bolsas de estudo aos mais carenciados.





Memórias: Eugène Pottier

7 11 2018

No dia 6 de novembro de 1887, morreu Eugène Pottier. Foi um poeta, desenhador, operário e militante socialista francês. Escreveu o texto daquela que é uma das canções mais conhecidas no mundo: “A Internacional”. Por António José André.
Eugène Pottier nasceu a 4 de outubro de 1816, em Paris. Era filho de uma família pobre. Começou a trabalhar aos 13 anos, embalando caixões, em Lille. Aos 14 anos escreveu a sua primeira poesia: “Viva a Liberdade!”
Esteve presente nos diferentes acontecimentos do movimento operário europeu do século XIX. Pottier fundou a Câmara Sindical de Desenhadores. e filiou-se na Primeira Internacional.
Em 1871, Pottier foi eleito por unanimidade para o Conselho da Comuna de Paris. Lutou nas barricadas em defesa da Comuna. Após a derrota destes movimento revolucionário, refugiou-se na Inglaterra e, depois, nos EUA.
Durante o seu exílio e assumindo a condição de imigrante, Eugène Pottier escreveu o poema “Operários dos EUA e Operários de França”, no qual refletia sobre a vida dos trabalhadores sob o jugo do sistema capitalista.
Estava convencido que os trabalhadores de todas as latitudes, para além das fronteiras nacionais, tinham as eismas necessidades e o mesmo interesse de lutar para tornar possível a revolução proletária mundial.
Em 1880, quando o governo francês concedeu uma amnistía geral, Pottier regressou a Paris. Participou na fundação do Partido Operário Francês e escreveu para o jornal “O Socialista”, com Paul Lafargue.
Eugène Pottier manteve a sua atividade política e literária até à morte, no dia 8 de novembro de 1887. O cortejo fúnebre foi acompanhado por cerca de 10 mil pessoas, que empunhavam bandeiras vermelhas
Os restos mortais de Eugène Pottier estão no cemitério de Peré Lachaise, onde também estão enterrados os revolucionários, que foram fuzilados após a derrota da Comuna de París.
Eugene Pottier escrevera, em junho de 1871, o texto daquela que é uma das canções mais conhecidas no mundo: “A Internacional”. Infelizmente, morreu antes dela ser transformada em música, por Pierre Degeyter. Em 1889, foi cantada, pela primeira vez, no Congreso da Segunda Internacional.





Memórias: Carlos Lamarca

24 10 2018

Hoje na história: no dia 23 de outubro de 1937, nasceu Carlos Lamarca. Foi um militar brasileiro e um dos dirigentes da luta armada contra a ditadura militar instaurada, em 1964. Ousar lutar, ousar vencer”, era assim que terminava os seus textos. Por António José André.
Carlos Lamarca nasceu, no Rio de Janeiro, a 23 de outubro de 1937. Era filho de um carpinteiro. Fez o Ensino Secundário num Colégio de padres e, depois, entrou na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre.
Em 1955, Lamarca foi transferido para a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (Rio de Janeiro). Em 1960, chegou a aspirante a oficial. Depois foi colocado no 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna (S.P.).
Lamarca foi enviado para as Forças de Paz da ONU, na Palestina. Essa experiência marcou-o quanto às injustiças sociais. Ao chegar ao Brasil, foi colocado na Polícia do Exército (Porto Alegre), quando ocorreu o golpe militar de 1964.
Em 1965, Lamarca voltou para Quitaúna. Em 1967, foi promovido a capitão. Entretanto, fez contactos com grupos de esquerda que defendiam a luta armada para derrubar a ditadura, instalada com o golpe de 1964
Em 24 de janeiro de 1969, Lamarca deixou o quartel de Quitaúna (S.P.), com 63 espingardas, algumas metralhadoras e muitas munições para se juntar à organização clandestina Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Quando deixou Quitaúna, separou-se da mulher e dos filhos, enviados para Cuba na véspera da sua deserção.
Lamarca tornou-se um dos mais ativos militantes da luta armada contra o regime militar. Viveu clandestinamente 10 meses, em São Paulo, antes de seguir para o Vale da Ribeira com 16 militantes para começarem o treino de guerrilha.
Em maio de 1970, o Vale da Ribeira foi cercado por tropas do Exército e da Polícia Militar. Houve combates, mas Lamarca conseguiu escapar. Nessa operação, foram presos quatro guerrilheiros.
Lamarca participou em diversas ações, como assaltos a bancos, e comandou o rapto do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, no Rio de Janeiro. Depois, fugiu para a Baía.
Lamarca voltou para São Paulo, planeando e comandando ações armadas. Ficou 2 anos e 8 meses na clandestinidade. Em 1971, saiu da VPR e passou a fazer parte do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
Em junho de 1971, Lamarca foi para o sertão da Baia com a missão de estabelecer uma base do MR-8. Em agosto desse ano, com a prisão de um militante em Salvador, que conhecia o seu paradeiro, começou o cerco à região, por parte das forças integrantes da “Operação Pajuçara”,
Depois de um tiroteio entre essas forças e Zequinha, que acompanhava Lamarca já adoentado, os dois iniciaram uma fuga, percorrendo cerca de 300 quilómetros, em 20 dias. Em 17 de setembro de 1971, Lamarca e Zequinha foram fuzilados, em Ipupiara (Baia).
Essa operação foi uma das mais violentas, sobretudo em Buritis, onde houve torturas e assassinatos na praça pública e diante da população.
Em 2007, a Comissão de Amnistia do Ministério da Justiça concedeu a patente de coronel do Exército a Carlos Lamarca e o estatuto de perseguidos políticos à sua esposa, Maria Pavan Lamarca, e aos dois filhos. Em 2010, acatando uma ação do Clube Militar, a juíza Cláudia Maria Pereira Bastos Neiva suspendeu a decisão da Comissão de Amnistia.
Carlos Lamarca tinha 34 anos, quando morreu. “Ousar lutar, ousar vencer”, era assim que terminava os seus textos





Memórias: Lucky Dube

18 10 2018

No dia 18 de outubro de 2007, morreu Lucky Dube. Foi um músico sul-africano e ativista anti-apartheid, tendo sido o artista da África do Sul que mais vendeu discos na história do Reggae. Por António José André.
Lucky Dube nasceu, em Ermelo (Mpumalanga), no dia 3 de agosto de 1964. Os pais separaram-se antes do seu nascimento. Juntamente com os seus dois irmãos, passou grande parte da infância com a avó.
Na infância, Dube trabalhou como jardineiro, mas percebeu que não ganhava o suficiente para alimentar a família e começou a frequentar a Escola. Ali juntou-se a um coro e formou a sua primeira banda “The Band Air Route”.
Enquanto estudava, Dube descobriu o movimento Rastafari. Aos 18 anos, criou a banda “Love Brothers”, que tocava música Pop. Depois dum quinto álbum, os trabalhos posteriores foram gravados como Lucky Dube.
Lucky Dube gravou 22 álbuns em zulu, inglês e africâner durante cerca de vinte e cinco anos de carreira e foi o artista sul-africano que mais vendeu discos na história do Reggae.
Lucky Dube ficou conhecido pelas suas canções sobre os enormes problemas africanos tendo sido um dos grandes críticos do regime do Apartheid. Um dos seus álbuns foi banido pelo governo segregacionista.
No dia 18 de outubro de 2007, Lucky Dube foi morto num pequeno bairro de Johanesburgo. Os relatórios da polícia sugeriram que Dube foi morto por carjackers. Este crime chocou a África do Sul.
Pode escutar aqui “Together as One”, um dos hinos contra o Apartheid:





Memórias: Emily Davison

11 10 2018

No dia 11 de outurbro de 1872, nasceu Emily Davison. Foi uma militante inglesa que defendeu, lutou e morreu pelos direitos das mulheres. Por António José André.
Emily Davison nasceu, no dia 11 de Outubro de 1872, em Blackheath (sudeste de Londres). Filha de Margaret Davison e Charles Davison, tinha duas irmãs, um irmão e muitos meio-irmãos.
Teve um bom desempenho na Escola e ganhou uma bolsa para estudar Literatura no Holloway College. Emily Davison foi obrigada a interromper os estudos devido à morte do pai e às dificuldades da mãe, que não podia pagar as taxas mensais.
Apesar das dificuldades e com esforço, Emily Davison preparou-se e foi professora, em Edgbaston e Worthing, o que lhe permitiu ter dinheiro para voltar a estudar. Depois, obteve o Bacharel, no colégio St. Hugh’s pertencente à Universidade de Oxford e deu aulas, em Berkshire.
Em 1906, Emily Davison filiou-se na Women’s Social and Political Union, movimento fundado por Emmeline Pankhurst com o lema “Ações, Não Palavras”. Em 1908, abandonou o seu emprego como professora para se dedicar a tempo inteiro na luta pelos direitos das mulheres.
Emily Davison foi detida e presa várias vezes. Uma vez, por atacar um homem que confundiu com o ministro da Fazenda, David Lloyd George. Noutra ocasião, fez greve de fome, na prisão de Strangeways. Na prisão de Holloway, atirou-se duma escada e sofreu danos na coluna vertebral.
No dia 4 de junho de 1913, durante a Corrida de Cavalos de Epsom, onde se reunia a alta sociedade britânica e milhares de espetadores, Emily Davison atravessou a cerca e manifestou-se. Mas foi pisada cavalo do rei Jorge V.
Emily Davison faleceu, no dia 5 de junho de 1913, no hospital “Casa Epsom”, devido a uma fratura no crânio e lesões internas. A sua família insistiu na apuração das causas do acidente, mas nada foi conclusivo.
A luta das mulheres inglesas continuou… Em 1918, as mulheres com mais de 30 anos obtiveram o direito ao voto. Ironia das ironias…





Memórias: Mercedes Sosa

4 10 2018

No dia 4 de outubro de 2009, morreu Mercedes Sosa. Foi uma cantora argentina. das grandes expoentes do movimento conhecido como “Nueva Canción”. Ficou conhecida como a voz das/dos “sem voz”. Por António José André.
Mercedes Sosa nasceu a 9 de julho de 1935, em San Miguel de Tucumán (noroeste da Argentina). Desde pequena, gostava de expressões artísticas populares. Mais tarde, gostava de bailar e ensinar danças folclóricas.
Quando tinha 15 anos, ganhou um concurso promovido pela rádio da sua cidade, apresentando-se com o pseudónimo de Gladys Osório. Foi o início de uma carreira dedicada à música folclórica argentina e latino-americana.
Em 1965, Mercedes Sosa foi a revelação do Festival Nacional de Folclore de Cósquin. Em 1967, realizou a sua primeira tournée pelos Estados Unidos e Europa. No início dos anos 70, gravou “Cantata sudamericana” e “Mujeres argentinas”, dois álbuns que a confirmaram como grande artista.
As obras desse período evidenciaram a sua rebeldia para com os tradicionalismos e a sua relação inorgânica de trinta anos com o Partido Comunista Argentino.
Essa relação custar-lhe-ia a perseguição da extrema direita, do governo Juan Perón e a censura das canções nos meios de comunicação durante a ditadura militar argentina
Em 1979, durante um concerto na cidade de La Plata, foi presa juntamente com o público. A partir daí começou o exílio que a levou a Paris e Madrid. Em 1982, regressou à Argentina, quando os militares deixaram o poder.
Nesse ano, realizou também uma sequência de apresentações, que foram compiladas num disco histórico: “En Vivo en Argentina”. Desde então, foi uma figura de relevância internacional e gravou canções com os melhores músicos do seu tempo.
Mecedes Sosa ficou conhecida como a voz das/dos “sem voz”. Tornou-se uma das grandes expoentes do movimento “Nueva Canción”, que propunha uma evolução da música folclórica com a integração de outras vertentes populares.
Escutemos esta bela canção:





Memórias: Wangari Maathai

26 09 2018

No dia 25 de setembro de 2011, morreu Wangari Maathai. Foi uma professora, bióloga e ativista queniana. Lutou para melhorar a vida das mulheres e pela defesa do meio ambiente. Foi a primeira mulher africana a receber o Prémio Nobel da Paz. Por António José André.
Wangari Maathai nasceu no dia 1 de abril de 1940, na vila de Ihithe (distrito de Nyeri), então colônia britânica. Em 1956, concluíu a Escola Primária e entrou na Loreto High School, em Limuru (Quénia).
Em 1959, findou o ensino secundário. Em 1969, recebeu uma bolsa da Fundação Joseph P. Kennedy Jr. e foi estudar para os Estados Unidos. Em 1964, obteve o bacharelato em Biologia, no Mount St Scholastica College, em Atchison (Kansas).
Em 1966, Maathai obteve o título de Mestre em Ciências, na Universidade de Pittsburgh. Posteriormente, foi trabalhar como pesquisadora em Medicina Veterinária na Alemanha: em Munique e Giessen.
Depois, regressou ao Quénia. Em 1971, Maathai doutorou-se em Medicina Veterinária na Universidade de Nairobi. Depois, foi professora e responsável do Departamento de Anatomia Veterinária da Universidade de Nairobi.
Maathai manteve a sua atividade profissional a par da preocupação pelas condições extremas de pobreza em que viviam milhares de mulheres quenianas. Desde 1976, foi ativista no Conselho Nacional de Mulheres do Quénia. Vindo a presidi-lo, entre 1981 e 1987.
Sob o lema “não podemos ficar sentadas a ver como morrem de fome os nossos filhos”, promoveu a criação do “Green Belt Movement” com o objetivo de plantar árvores para impedir a erosão dos solos, fornecer sombras e criar uma fonte de abastecimento de madeira para melhorar as condições de vida das populações.
Esse projeto era destinado e protagonizado maioritariamente por mulheres. Em 1986, o seu ãmbito ampliou-se a mais de trinta países africanos. Até hoje, o movimento plantou mais de 15 milhões de árvores e gerou rendimento para 80 mil pessoas
O ativismo político de Maathai contra o regime ditatorial de Daniel Arap Moi, fez com que manifestase vontade de se candidatar à presidência do Quénia, mas desistiu. Em 2002, foi eleita deputada no Parlamento do Quénia.
Em 2003, foi nomeada Ministra do Ambiente, Recursos Naturais e Vida Selvagem. Em 2004, Maathai fundou o Partido Verde do Quénia. Em 2004, recebeu o Prémio Nobel da Paz, sendo a primeira mulher africana a receber esse prémio. Em 2005, foi eleita Presidente do Conselho Económico, Social e Cultural da UA (União Africana).





Memórias: Paulo Freire

19 09 2018

No dia 19 de setembro de 1921, nasceu Paulo Freire. Foi um pedagogo e filófoso brasileiro. Influenciou o movimento chamado “Pedagogia Crítica” e destacou-se na área da educação popular, voltada para a escolarização e para a formação da consciência política. Por António José André.
Paulo Frreire nasceu, no dia 19 de setembro de 1921, em Recife (Pernambuco). Aprendeu a ler e a escrever com os pais no quintal da casa onde nascera. Em 1929, mudou-se com a família para Jaboatão.
Em 1933, Paulo Freire perdeu o pai e os estudos foram adiados. Em 1943, entrou na Faculdade de Direito do Recife onde se licenciou. Depois, doutorou-se em Filosofia da Educação na mesma universidade.
As suas primeiras atividades profissionais foram o ensino da língua portuguesa e a alfabetização de pessoas pobres. Na década 60, destacou-se por desenvolver um método de alfabetização de adultos/as que dispensava o uso das cartilhas tradicionais.
O método “Paulo Freire” consistia em procurar palavras e temas significativos da vida do/a aluno/a, mostrando o seu significado social de modo a superar a visão acrítica do mundo e ter uma postura conscientizada.
Em 45 dias, Paulo Freire alfabetizou 300 trabalhadores rurais do Rio Grande do Norte. Esses excelentes resultados fizeram com que o método fosse incluído no Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart.
Após o golpe militar de 1964, Paulo Freire esteve preso durante 70 dias. Depois teve que se exilar na Bolívia e no Chile, onde desenvolveu atividades educativas e humanitárias, além de escrever algumas obras.
Em 1968, Paulo Freire escreveu a sua obra mais célebre: “Pedagogia do Oprimido”. Até 1980, foi desenvolvendo atividades relacionadas com a alfabetização em Genebra e em países africanos de língua portuguesa
Em 1980, Paulo Freire regressou ao Brasil. Filiou-se no Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, tendo sido supervisor do programa do PT para a Alfabetização de Adultos.
Paulo Freire publicou, entre outros, o seguintes livros: “Educação como prática da Liberdade”, “Cartas à Guiné-Bissau. Registos de uma Experiência em Processo”, “Educação e Mudança” e “Pedagogia de Autonomia”.
Paulo Freire destacou-se pelo seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política. Faleceu, no dia 2 de maio de 1997, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.





Memórias: José Orozco

13 09 2018

No dia 7 de setembro de 1949, morreu José Clemente Orozco. Foi um pintor mexicano, que se destacou no Muralismo juntamente com Diego Rivera e Alfaro Siqueiros. Orozco interessou-se pelos valores universais e não insistiu nos valores nacionais. Por António José André.
José Clemente Orozco nasceu, no dia 23 de novembro de 1883, em Zapotlán (México). Aos dois anos mudou-se com a famíla para Guadalajara. Aos cinco anos, foi para a Cidade de México.
Em 1890, Orozco entrou na Escola Primaria anexa à Escola Normal de Professores. À noite, tinha aulas de desenho na Academia de Belas Artes de S. Carlos. Em 1897, a familia enviou-o para a Escola Agrícola de S. Jacinto
Orozco deixou a Escola Agricola para estudiar Arquitetura, mas a sua obsessão pela pintura, fê-lo entrar na Academia de Belas Artes, onde esteve de 1906 a 1910.
Em 1916, Orozco fez a sua primeira exposição na livraria Biblos da Cidade do México. Em 1917, viajou pelos Estados Unidos, tendo morado em San Francisco e Nova Iorque, vivendo da pintura de cartazes.
Em 1922, Orozco juntou-se a Diego Rivera e Alafaro Siqueiros no Sindicato dos Pintores. Em 1926, por encomenda da Secretaria da Educação, pintou em Orizaba, o mural “Reconstrução” no edificio que hoje é Palácio Municipal.
Em 1927, Orozco voltou para Nova Yorque, onde pintou uma série de óleos – “Queensboro Bridge”, “Winter” e “The Subway” – demostrando o caráter desumanizado da grande cidade.
Em 1934, Orozco regressou ao México. Produziu “Katharsis”, no Palácio de Belas Artes. É a representação sangrenta do conflito entre o homem moderno e o mundo caótico e mecanizado que o rodeia e o oprime.
Em 194, produziu dois murais no Corte Suprema do México com 4 motivos. Em 2 deles, critica e satiriza a prática da justiça. Num outro, refere-se às riquezas naturais do país sob proteção da bandeira e do jaguar, símbolos nacionais. O último tema, relaciona-se com os movimentos sociais operários.
Entre 1941 e 1944, Orozco dedicou-se à pintura de cavalete e a uma outra grande obra mural na abóbada e nas paredes do coro da igreja de Jesus Nazareno.
Até 1946, Orozco integrou com Rivera e Siqueiros a Comissão de Pintura Mural do Instituto Nacional de Belas Artes. Nesse ano, recebeu o Prémio Nacional de Belas Artes.
No ano seguinte, Orozco encarregou-se da pintura do teto da Câmara Legislativa de Guadalajara. O tema relacionava-se com o decreto que se promulgou naquele lugar abolindo a escravatura.
José Orozco interessou-se pelos valores universais e não insistiu nos valores nacionais. O seu estilo era de um realismo expressionista ligado às velhas tradições artísticas mexicanas e com um intenso dinamismo.





Memórias: Edward Palmer Thompson

29 08 2018

No dia 28 de agosto de 1993, morreu Edward Palmer Thompson. Foi um historiador marxista, escritor e militante socialista inglês. É considerado um dos maiores historiadores do século XX. Por António José André.
E.P. Thompson nasceu em Oxford, no dia 3 de fevereiro de 1924. Estudou História na Universidade de Cambridge, mas interrompeu o curso e alistou-se no exército para lutar contra o nazismo durante a IIª Guerra Mundial.
Enquanto estudava história, tornou-se militante do Partido Comunista da Grã-Bretanha (PCGB). Thompson licenciou-se, em 1946. Depois, alistou-se como voluntário numa brigada de solidariedade para com a Jugoslávia.
No partido, Thompson criou um grupo de historiadores, em 1946, ao qual pertenceram Eric Hobsbawm, Christhopher Hill, Doroty Thompson, entre outros. A militância nesse grupo foi fundamental para a sua formação.
Em 1948, Thompson foi contratado pela Universidade de Leeds para dar aulas noturnas a trabalhadores. Essa experiência foi fundamental para escrever a sua obra “A Formação da Classe Trabalhadora Inglesa”.
Em 1956, Thompson e cerca de sete mil membros romperam com o PCGB. Nesse ano, o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética revelou os crimes de Estaline e a URSS invadiu a Hungria.
Os dissidentes do PCGB constituíram o núcleo do movimento político “Nova Esquerda” e fundaram a revista “New Reasoner Review”. Desse grupo faziam parte vários intelectuais marxistas: Raymond Willians, John Saville, Doroty Thompson, Ralph Miliband…
Em 1959, a “New Reasoner Review” fundiu-se com a “Universities and Left Review” (da qual fazia parte o jovem Perry Anderson) para criar a revista “New Left Review”, instrumento de debate teórico e político na Inglaterra e uma das principais revistas de orientação marxista no mundo.
Na década 80, Edward P. Thompson participou em diversas campanhas políticas, sobretudo como militante do movimento pacifista antinuclear.
Thompson lecionou em diversas Universidades: Warwich e Manchester (Inglaterra); Pittsburg, Rutgers, Brown e Dartmoth College (EUA); Queen’s de Kingston (Canadá). Morreu, no dia 28 de agosto de 1993, em Worcester.
Thompson deixou uma vasta obra onde abordou histórias do Trabalho e da Cultura. As suas preocupações eram avessas ao dogmatismo. A sua trajetória intelectual esteve ligada à trajetória da sua militância política.





Memórias: René Magritte

14 08 2018

No dia 15 agosto de 1967, morreu René Magritte. Foi um pintor surrealista belga, que deixou uma extensa obra artística. Foi influenciado por Breton, Ducjhamp, Miró, Dali e Chirico, mas mostrou a sua irreverência, subvertendo a realidade a partir das coisas simples do dia-a-dia. Por António José André.
René Magritte nasceu em Lessines (sul da Bélgica), no dia 21 de novembro de 1898. A família tinha baixos recursos: o pai era alfaiate; a mãe era chapeleira. Magritte e os seus dois irmãos mudaram frequentemente de casa. A mãe suicidou-se, quando Magritte era adolescente.
Em 1910, René Magritte começou a estudar pintura em Châtelet. Prosseguiu os estudos, em Charleroi, quando tinha 15 anos. Nessa altura, eram evidentes as influências que teve de Fântomas, das viagens de Robert Louis Stevenson e da literatura de Edgar Allan Poe.
Em 1916, Magritte entrou na Academia de Belas Artes de Bruxelas, onde permaneceu dois anos. As suas primeiras obras foram cubistas e depois futuristas. Enquanto estudava, andava em tertúlias e discussões políticas nos cafés de Bruxelas, conhecendo alguns pintores e poetas
Em 1920, Magritte realizou a sua primeira exposição profissional no Centro de Artes de Bruxelas. Em 1926, assinou contrato com a Galeria “Centaure” e pode dedicar-se a tempo inteiro à pintura. Nesse ano, inspirado na obra de Chirico, apresentou a sua primeira obra surrealista, “O Jóquei Perdido”.
Em 1927, mudou-se para Paris, entrando em contato com o movimento de vanguarda liderado por André Breton. Em 1928, produziu “Os Amantes” no qual os rostos estão cobertos por panos. Nesse ano, produziu “O Falso Espelho” no qual o olho humano reflete um céu com nuvens.
Em 1930, Magritte regressou a Bruxelas aprofundando a sua técnica e rejeitando a suposta espontaneidade do automatismo surreal. São dessa época as obras: “O Retrato” (1938) e “O Tempo Trespassado” (1939).
Apesar de ter produzido um grande número de obras, Magritte começou a ser reconhecido na década de 60. Tendo sido influenciado por Breton, Duchamp, Miró, Dali e Chirico, mostrou a sua irreverência, subvertendo a realidade a partir das coisas simples do dia-a-dia.





Memórias: Ciclismo – Glória e tragédia de Ottavio Bottecchia

3 08 2018

Nesta época do ano, em que muitas Voltas se dão, muitas competições se organizam e o ciclismo continua a ser uma modalidade popular, recordamos Ottavio Bottecchia com este belo texto de Marcos Pereda.

A senhora Bottecchia dá à luz pela oitava vez. Imaginamo-la cansada, certamente envelhecida de forma prematura. Oito filhos são muitos, embora na última década do século XIX essa quantidade não fosse rara. Mas é fácil dizer isto estando de fora, claro. O seu oitavo filho. Está esgotada, não quer pensar: põe Ottavio, de nome. E ficou Ottavio Bottecchia.

A fome ficou marcada no rosto do menino. As maçãs do rosto afundadas, a pele pálida, a testa clara, com rugas que o sol põe, quando estás exposto o dia inteiro. E o nariz, o nariz geométrico, o apêndice que te intimida, te observa, te estuda. O nariz lendário de Bottecchia do qual até Dino Buzzati acabará por falar. Nada menos.

Estamos no começo do século XX e os Bottecchia têm que se mudar. Abandonam a pequena povoação de Friul, muito perto de Treviso, e viajam para a Alemanha, terra prometida, à procura de um pedaço de pão para dar às suas crianças. Ali, em terras alemãs, Ottavio começa a trabalhar. De pedreiro. Trabalho duro, descarnado, ingrato. Os seus músculos endurecem, o seu caráter torna-se taciturno, concentrado. É um rapaz. É um operário. Em seguida, muito pouco depois, será um soldado.

Começa a Primera Guerra Mundial e Ottavio, que tinha voltado com a sua famíia para Itália, é chamado para as fileiras. O mesmo país que fez emigrar a sua família pela falta de oportunidades reclama agora o seu sangue para se defender da terra que os acolheu e alimentou durante anos. Ottavio vai, claro, para o Exército Real Italiano e alí é rapidamente incorporado na divisão dos Bersaglieri.

A dos ciclistas-soldados que acabam por se converter em lenda nas suas máquinas “Bianchi”, as mesmas que têm no guiador uma peça semelhante às usadas agora nas provas de contrarrelógio e que, naquela altura, servia para apoiar a espingarda. Aos Bersaglieri queria pertencer, mais do que nenhuma outra coisa na vida, o personagem pintoresco e trágico, Enrico Toti. Mas essa foi, seguramente, outra história…

O caso é que, inclusivamente entre todos aqueles ciclistas-soldados, se destaca Ottavio Bottecchia pela sua força, pela velocidade que era capaz de alcançar em longuíssimas distâncias pedalando sem mostrar fadiga. E, por isso, o seu destino não é outro senão o de transportar mensagens entre as línhas de defesas italianas. Por outras palavras, um dos exercicios mais arriscados que se possa imaginar.

Pelo menos, em duas ocasiões, Ottavio entra em batalha e ao que parece mostra-se confiante e tranquilo, fazendo gala de enorme sangue frio e pontaria certeira. Sai dessas emboscadas ileso e com uma medalha de prata do Ejército Italiano, pelo seu valor. Mas continua na guerra. Antes do final da Guerra terá sofrido um ataque com gás mostarda e sofreu de malária. Ah! E as suas pernas estão mais fortes que nunca, tanto que, assinado o Tratado de Versalhes, Bottecchia toma uma decisão: ser ciclista profissional.

Não será fácil. Viajará até França para trabalhar, de novo, como pedreiro, e competir nalgumas pequenas corridas. Ali, entre os seus companheiros de trabalho, vão sendo forjados sentimentos políticos no jovem Ottavio. Porque Bottecchia era socialista. Tinha aprendido a ler graças aos panfletos socialistas que os seus colegas lhe deixavam – naquela união tão curiosa entre o desporto e a política da qual falará mais tarde Gramsci, em sentido contrário, quando conta que na prisão os presos políticos do fascismo mantinham o contacto com o exterior graças à leitura da “Gazzetta dello Sport” e as glórias dos ciclistas italianos – e o seu sentimento proletário encarna-se profundamente. Não será, claro, a última vez que falamos das ideias de Ottavio…

Na bicicleta, o jovem Bottecchia demonstra rapidamente as suas qualidades: tenacidade, fortaleza, capacidade extrema de sofrimento. E uma qualidade de escalador como, dizem, nunca dantes vista. O treino na Frente Italiana parece ter dado os seus frutos. A sua estrela cada vez brilha mais e a ninguém surpreende que seja selecionado pela equipa Automoto-Hutchinson, uma das mais potentes da época, para correr na Volta à França de 1923.

Aquela corrida é completamente dominada pelo principiante e só a sua disciplina o afasta da vitória, que vai parar ao chefe de equipa, Henri Pelissier. Quando o francés ordena a Bottecchia que o espere em qualquer etapa, o italiano obedece sem problemas, parando e deixando passar minutos enquanto limpa com esmero a bicicleta, tirando a lama, engraixando os travões… Todos estão conscientes que foi o melhor, mas termina em segundo lugar, em París. No ano seguinte fará ainda melhor.

Henry e Charles Pelissier mantêm, desde há tempos, um conflito azedo com Desgrange, o criador e diretor da Volta, que não gosta de modos toscos, dos costumes escandalosos dos irmãos. A situação torna-se irremediável quando Desgrange descobre Henri a atirar uma camisola de lã ao chão, algo completamente proibido. Desqualificação, discussão, insultos… Os Pelissier ficam fora da Volta e nesse mesmo día concederam uma entrevista a Albert Londrés cujo título é já símbolo do ciclismo: “Os Forçados da Rota”…

A consequência desportiva deste facto é que Bottecchia tem caminho livre para se impor na carreira e fá-lo-á com uma superioridade abismal sobre os outros, deixando algumas histórias que se recordam sempre, como quando na etapa “Casse Desserte” sai da bicicleta para percorrer os últimos metros a pé, cantando a plenos pulmões canções militares transalpinas. Dias depois será o primeiro italiano a impor-se, em París. Glória para a nova estrela.

Menos no seu país de origem, claro, onde as suas ideias de esquerda casam pouco com as novas políticas que o Duce está a impor. Que falem, que falem de Bottecchia, mas só como desportista. Nada de dar voz às suas pretensiões políticas. Nada de o converter em líder, em símbolo, para certos grupos. Nada disso. Um ciclista e só um ciclista. E veremos o que fazer com ele…

No ano seguinte, Bottecchia ganha a segunda Volta à França vestindo a camisola amarela, desde o primeiro dia. É, dizem, o mais sólido ciclista que existiu. Em 1926, vê-se condenado a abandonar metade da etapa “Bayona-Luchon”, que percorre a tetralogía pireneica, a do Círculo da Morte, sob um nevão asgardiano que passou para a história como a jornada mais dura de sempre da Volta. Um dia de tantos retalhos, de tantas peças, de tantos homens duros que nem penedos a chorar desconsolados nas bermas… Picado pelo seu amor própio, incapaz de dar uma só pedalada mais, Bottecchia promete voltar no ano seguinte para se vingar e vencer pela terceira vez, em Paris. Nunca o poderá tentar tentar.

“Meu maior temor é que as minhas ideias tragam alguma desgraça à minha família”, disse uma vez Ottavio. Em maio de 1927, os seus piores presságios parecem tornar-se reais quando o seu irmão Giovanni, também ciclista, é empurrado por um carro que se põe em fuga, enquanto treina. Giovanni cai no chão, magoado. Ottavia cala e continua a preparar-se. Planeia mudar-se para França por causa da Volta. Volta que nunca chegará a correr.

São nove da manhã de três de junho de 1927, e um agricultor caminha hesitante. Viu algo estranho apoiado no muro das suas terras. Um fardo, um corpo humano. É um ciclista. As feridas são tremendas e quase não lhe permitem reconhecer Ottavio Bottecchia, o grande Ottavio. Levam-no para o hospital de Gemona, mas não há nada a fazer. Falece uns días depois.

Abre-se uma investigação. O que se passou com o ídolo? A conclusão é vaga: uma queda provocou os golpes e, por extensão, a sua morte. Mas não escapa a ninguém que essa explicação é insustentável: a bicicleta estava a vários metros de Bottecchia e apresentava apenas pequenos estragos. Não, não foi um acidente. Todos murmuram. Foram eles, os fascistas. Foram eles que o seguiram, lhe deram uma tareia, o deixaram moribundo. Eles. A ele. Ao vermelho. Tudo é silêncio naqueles gritos desgarrados. Itália gemerá sem que ninguém a escute durante décadas.

Muitos anos depois, um sacerdote recebe a última confissão de um agricultor moribundo. Foi ele, diz, que matou o ciclista há tanto tempo. Foi ele, que o fez porque lhe estava a roubar umas uvas das suas terras. Apanhou uma pedra e golpeou-o. Não queria fazê-lo, foi un acidente. Fui eu. E expira. E o sacerdote conta à imprensa. Caso encerrado, o de Botecchia. Foi um cúmulo de desgraças.

Sem política, sem vinganças. Só que… só que em junho não há uvas para roubar e não te matam por causa delas. E o sacerdote em questão tinha sido um fervoroso fascista durante o Regime. E que, em definitivo, nada estava explicado sobre tudo o que se podia explicar. Porque, ainda hoje, não sabemos como morreu o homem que, quase certamente, mataram por causa das suas ideas. Fica a sua recordação, os seus gestos. Fica, também, o seu mistério.

Marcos Pereda é um escritor, jornalista e professor universitário.

Tradução: António José André

Nota: Ottavio Bottecchia nasceu no dia 1 de agosto de 1894.

Artigo publicado em http://ctxt.es/es/20160127/Deportes/3894/Ottavio-Bottecchia-ciclismo-Italia-I-Guerra-Mundial-bersaglieri-Tour-de-Francia-fascismo-Mussolini.htm





Memórias: George Rodger

27 07 2018

 

  Foto de George Rodger com a família em 1990.

No dia 24 de julho de 1995, morreu George Rodger. Foi um fotógrafo britânico, cujo trabalho teve grande projeção. Foi um dos fundadores da agência “Magnum Photos”. Por António José André.
George Rodger nasceu no dia 19 de março de 1908, em Hale (Grã-Bretanha). Era um fotógrafo autodidata que pretendia ser escritor, sentindo necessidade de retratar o mundo tal como era.
Depois de concluir os estudos, Rodger alistou-se na marinha mercante britânica com a intenção de viajar. Nessa altura, começou a escrever sobre viagens e comprou uma câmara de bolso Kodak para ilustrar as histórias.
Em 1929, já tinha dado a volta ao mundo 3 vezes, mas não tinha encontrado alguém interessado em publicar as suas histórias. Depois de um período difícil nos EUA, trabalhou como fotógrafo para a revista “The Listener”.
Mais tarde, Rodger colaborou com a “Black Star Agency, publicando fotografias na “Tattler”, “Sketch”, “Bystander” e “Illustrated London News”. As suas fotografias chamaram a atenção dos responsáveis da revista “Life”.
Com o começo da Segunda Guerra Mundial, tornou-se correspondente de guerra da revista americana “Life”. Entre 1939 e 1945, visitou mais de 60 países, fazendo a cobertura de 18 combates e campanhas de guerra.
Os trabalhos mais importantes de Rodger foram: os bombardeamentos de Londres, a libertação de Burma, a batalha de Monte Cassino, a libertação de Paris e a libertação do Campo de Concentração de Bergen-Belsen.
Rodger foi um dos primeiros fotógrafos a entrar no Campo de Concentração de Bergen-Belsen. As fotos que tirou aos sobreviventes e a montes de cadáveres foram publicadas nas revistas “Time” e “Life”.
Essas fotos acabaram por ser uma das maiores provas do que acontecia nos campos de concentração da Alemanha nazi. Essa experiência marcou-o muito e Roger abandonou a carreira de fotógrafo de guerra.
Então resolveu explorar o mundo, indo para desertos, florestas e várias partes do mundo. O seu trabalho de documentação de pessoas de África e do Médio Oriente ilustraram várias revistas e livros do mundo.
Em 1947, Rodger juntou-se a Robert Capa, Cartier-Bresson e David Seymour para criar a agência “Magnum Photos”, onde foi Vice-Presidente. Até à década de 80, fez mais de quinze viagens a África.
As suas reportagens a cores do Sahara, dos tuaregues e da vida animal, foram publicadas pela revista “National Geographic”. O seu trabalho teve grande projeção. George Rodger morreu, no dia 24 de juho de 1995.





Memórias: Langston Hughes

23 05 2018

No dia 22 de maio de 1967, morreu Langston Hughes. Foi um poeta, novelista, dramaturgo, colunista e ativista social norte-americano. Foi um dos líderes do movimento modernista “Harlem Renaissance”. Por António José André.
Hughes nasceu dia 1 Fevereiro de 1902, no Missouri. Passou a infância com a avó materna, no Kansas. Viveu algum tempo com o pai, no México, deixando-o por causa do desprezo pela raça. Viajou por mar e trabalhou em França e Itália. Depois, apareceu na cena literária de Harlem, publicando nas revistas “Crisis” e “Oportunity” (de 1921 a 1925).
Langston Hughes foi o mais famoso do movimento modernista “Harlem Renaissance”, que contou com muitos outros autores: Claude McKay, Jean Toomer, Zora Neale Hurston… Esse movimento também lançou as carreiras musicais de Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan…
“The negro Artist and the Racial Mountain” (1926) converteu-se no Manifesto desse movimento. Em 1935, pôs em cena o drama “Mulato”, violenta acusação contra o sistema racial do Sul, centrado num personagem alienado, tanto no mundo dos negros, como no dos brancos.
A experiência da Guerra civil espanhola, que presenciou em 1937, como correspondente na frente republicana, inspirou-lhe vibrantes poesías levando-o a um compromisso político com posições claramente de esquerda, pasando a fser perseguido durante o macartismo.
Hughes foi um dos maiores expoentes da “Harlem Renaissance”, sendo o principal representante da cultura afro-americana e um dos mais brilhantes poetas. A sua escrita e as suas intervenções públicas tiveram como objetivo o progresso social e civil da população afro-americana dos Estados Unidos.
O seu trabalho viria a influenciar outros autores: Léon Damas, Léopold Senghor e Aimé Césaire… Langston Hughes foi um dos escritores que mais influenciaram a poesia contemporânea africana de língua inglesa, em particular, a da África do Sul.
Veja também: https://www.youtube.com/watch?v=B3PmUcJbFAo





Memórias: Halldór Laxness

16 02 2018

No dia 8 de fevereiro de 1998, morreu Halldór Laxness. Foi um escritor islandês. Tendo sido controverso pelas suas posturas radicais, foi uma figura dominante na literatura islandesa, ao longo do século XX. Por António José André.
Laxness nasceu, no dia 23 de abril de 1902, como Halldór Kiljan GudJonsson, mas adotou como seu apelido o nome de um bairro da periferia de Reiquiavique, cidade onde nasceu.
Aos 14 anos, Laxness escreveu o seu primeiro artigo, publicado no jornal “Morgunblaðið”. Aos 19 anos, publicou o seu primeiro conto no mesmo jornal. Durante a sua juventude, Laxness viajou bastante e residiu fora da Islândia.
Nos vários países da Europa continental onde viveu, sentiu-se influenciado pelo surrealismo e pelo expresionismo alemão. A sua posterior estadia nos Estados Unidos, fê-lo deixar a fé católica, tornando-se ateu.
O socialismo foi o prisma através do qual Laxness observou o mundo durante os anos trinta e quarenta, tendo sido defensor da União Soviética, até à invasão da Hungría, em 1956.
Laxness foi duramente atacado pela sociedade conservadora. Mas os jovens islandeses víam nele alguém capaz de dar novos valores à sociedade..Tendo sido controverso pelas suas posturas radicais, Laxness foi uma figura dominante na literatura islandesa, ao longo do século XX.
Durante a sua vida, Laxness escreveu 51 romances, poesia, artigos de jornal, livros de viagens, peças de teatro, contos e outras obras. Em 1955, ganhou o Prémio Nobel da Literatura.
A sua obra, traduzida em mais de 45 línguas, tem grande sucesso em todo o mundo. Em Portugal, foram editadas pela Cavalo de Ferro: “Os peixes também sabem cantar”, “Gente Independente” e “O Sino da Islândia”.





Memórias: Coretta Scott King

6 02 2018

No dia 30 de janeiro de 2006, morreu Coretta Scott King. Foi uma escritora, cantora e ativista norte-americana. Defendendo a igualdade e a justiça, lutou pelos direitos dos negros e das mulheres. Defendendo a paz, foi contra a Guerra do Vietname e a invasão do Iraque. Por António José André.
Coretta Scott nasceu no dia 27 de abril de 1927, em Marion (Alabama). Frequentou o ensino básico, em Lincoln (localidade a seis quilómetros da sua), tendo que fazer o percurso a pé, pois o sistema de segregação racial não lhe permitia andar no autocarro uitilzado pelos estudantes brancos.
A partir de 1945, Coretta Scott entrou para um colégio, em Antioquia (Ohio), onde também sofreu injustiças raciais. Decidida e segura de que poderia competir com as pessoas “de diferentes origens raciais, étnicas ou culturais”, especializou-se como professora do Ensino Primário.
Com grande talento musical, Coretta Scott tocava trompete, piano e violino. Também cantava num coro e deu o primeiro concerto, na Segunda Igreja Batista, em Springfield (Ohio). Em 1951, matriculou-se no Conservatório de Nova Inglaterra, em Boston. Em 1954, licenciou-se em música.
Conheceu Martin Luther King Jr. (estudante de Teologia), em Boston. Ambos partilhavam os ideias de justiça e liberdade. Casaram-se, em 1953. Mudaram-se para Montgomery (Alabama), em 1954. Luther King passou a ser ministro da Igreja Baptista e era reconhecido como lider dos direitos civis.
Coretta Scott King participou ativamente na organização das marchas e protestos cívicos. Deu “Concertos de Liberdade”, cantando, lendo poesia e dando palestras sobre a história dos direitos civis. Estes concertos serviam para angariar fundos para a Southern Christian Leadership Conference (organização fundada por Luther King, em 1957).
No dia 4 de abril de 1968, Luther King foi assassinado, em Memphis (Tennesse). Quatro dias depois, Coretta Scott King e os filhos voltaram a Memphis para liderar uma Marcha, que tinha sido planeada por Luther King.
Em junho de 1968, Coretta discursou na Campanha dos Pobres, em Washington DC. Nesse ano, fundou o Centro King, entidade para auxiliar e promover a igualdade racial. Em maio de 1969, liderou uma manifestação de trabalhadores hospitalares, em Charleston (Carolina do Sul).
Coretta Scott King, além de lutar pela igualdade racial, participou no movimento contra a Guerra do Vietname. Ela tornou-se ativa no movimento das mulheres e apoiou o movimento em defesa dos direitos LGBT. Defendendo a paz mundial, manifestou-se contra a invasão do Iraque.





Memórias: Patrice Lumumba

24 01 2018

No dia 17 de janeiro de 1961, morreu Patrice Lumumba. Foi um dirigente políico congolês, que defendia a unidade e a luta dos povos africanos contra o colonialismo e o imperialismo. Por António José André.
Lumumba nasceu, dia 2 de julho de 1925, em Onalua (região de Sankuru), quando o seu país estava sob o domínio colonial belga. Depois de receber uma educação familiar, frequentou uma escola de missionários católicos e uma escola protestante.
Em 1943, após concluir os estudos básicos, Lumumba saiu da sua terra natal e começou um novo percurso de vida: foi empregado na companhia Symaf (Syndicat Minier Africain) e no serviço de correios.
Em 1958, depois de ter sido eleito presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores Congoleses, Lumumba fundou o MNC (Movimento Nacional Congolês): primeiro partido político africano/congolês.
Nesse ano, participou na I Conferência dos Povos Africanos, onde se encontrou com outros dirigentes africanos: Sekou Touré (Guiné Conakry), Julius Nyerere (Tanzânia), Tom Mboia (Quénia), e Kwame Nkruma (Gana).
Inspirado pelos ideais do pan-africanismo, Lumumba assumiu uma militância anticolonial, defendendo a unidade nacional entre as diferentes etnias do Congo e a libertação do domínio belga.
Lumumba centrou a sua ação política na unidade nacional. Essa postura valeu-lhe o ódio dos colonialistas que queriam derrubá-lo, instigando a rivalidade entre etnias, mediante suborno, promessas e intimidações.
Em 1959, Lumumba participou, em Bruxelas, na fase final das negociações para a independência do então Congo Belga, onde foram assinados os protocolos sobre a transição para um governo congolês.
No dia 30 de junho de 1960, quando foi proclamada a independência do Comgo (depois Zaire e, atualmente, República Democrática do Congo), Patrice Lumumba tomou posse como Primeiro-Ministro.
Defendendo um país independente e unitário, Lumumba foi considerado demasiado próximo da União Soviética. A decisão de eliminá-lo foi atribuída à CIA e ao governo belga, contando com a colaboração do general Mobutu.
No dia 17 de janeiro de 1961, Lumumba foi morto sob tortura. Numa carta deixada à sua mulher, Pauline Opangu, dizia: “A minha fé é inquebrável. Sei e sinto no fundo de mim que, cedo ou tarde, o país libertar-se-á de todos os inimigos internos e externos e levantar-se-á para dizer não ao vergonhoso e degradante colonialismo”. O assassinato de Patrice Lumumba, transformou-o num símbolo da luta anticolonialista africana.





Memórias: Andrei Tarkovski

28 12 2017

No dia 28 de dezembro de 1986, faleceu Andrei Tarkovski. Foi um realizador de cinema russo. Era conhecido no estrangeiro como o realizador soviético menos ortodoxo. Após a sua morte e depois da queda do regime, passou a ser um ícone para várias gerações.. Por António José André.
Tarkovski nasceu, no dia 4 de abril 1932. Os pais viviam numa vila na região do Volga. O seu pai era o poeta Arseni Tarkovsky e a suamãe uma atriz. A mãe criou-o sózinha, porque o pai os deixara, quando ele cinco cinco anos.
Quando se mudaram para Moscovo, foi estudar na Escola de Zamoskvorechye, onde conheceu o poeta Andrei Voznesensky. Tarkovski estudou música e pintura, evidenciando uma veia artística.
Tarkovski formou-se em Geologia, mas abandonou a profissão por amor ao Cinema. Entrou para a Escola Soviética de Cinema (VGIK), onde teve como tutor o realizador Mijail Romm.
O seu primeiro filme foi «A Infância de Ivan» (1962). O filme seguinte «Andrei Rublev» (1966) foi considerado uma obra-prima. Tarkovsky abordara a vida dum grande pintor, mostrando o silêncio que se mantinha na União Soviética.
Depois fez duas obras-primas, «Solaris» (1972) e «Stalker» (1979). Sem grandes recursos materiais e tecnológicos, estes filmes foram um conributo para a ficção.do século XX. O seu último filme foi, “Sacrificio” (1986).
Tarkovsky era um existencialista. Queria conhecer a fundo a consciência humana. Um dia afrimou que “através do Cinema era necessário apontar os problemas mais complexos do mundo”.
Tarkovski era conhecido no estrangeiro como o realizador “soviético” menos ortodoxo, No entanto, os seus filmes tinham uma distriuiição mínima no seu país. Em 1984, Tarkovsky exilou-se em Itália. Após a sua morte e depois da queda do regime, passou a ser um ícone para várias gerações.

 





Hoje na História: Independência da Finlândia

5 12 2017

No dia 6 de dezembro de 1917, a Finlândia tornou-se independente, após oito séculos dominada por vários países. Hoje é uma referência em qualidade de vida e tecnologia. A Finlândia emancipou-se da Rússia. proclamando a sua independência, no dia 6 de dezembro de 1917, e aproveitando as desordens provocadas pela Iª Guerra Mundial e pela Revolução Russa.
No dia 6 de dezembro, é celebrada a independência da Finlândia, duramente conquistada. No dia 28 de fevereiro, celebra-se a identidade finlandesa: – aniversário da publicação de “Kalevala” (epopeia nacional da Finlândia, escrita por Elias Lönnrot).
A Finlândia (em finlandês: ‘‘Suomi’’ ou ‘‘País dos Mil Lagos’’) foi inicialmente povoada por lapões e depois por nómadas estonianos e húngaros. Estes údeixaram um idioma bastante particular do grupo linguístico fino-úgrico, próximo do mongol e do turco.
Em 1157, os suecos ocuparam o território. Em 1809, a Suécia cedeu a Finlândia ao czar Alexandre I, após o Tratado de Hamina, tornando-se um grão-ducado dos czares russos..





Hoje na história: Karlheinz Stockhausen

4 12 2017

Hoje na história: no dia 5 de dezembro de 2007, morreu Karlheinz Stockhausen. Foi um compositor alemão de música contemporânea e colega de Pierre Boulez.
Stockhausen. é considerado um dos maiores compositores do final do século XX. Foi responsável por grandiosos trabalhos artísticos. As suas obras revolucionaram a percepção de ritmo, melodia e harmonia.
Das suas obras destacam-se: “Helikopter-Streichquartettum” – quarteto de cordas com helicópteros e “Licht”” – ópera baseada em textos sânscritos e budistas que tem suas partes distribuídas pelos dias da semana.
Visite também: http://www.stockhausen.org/





Hoje na história: Sócrates – o futebolista

2 12 2017

No dia 4 de dezembro de 2011, morreu Sócrates Sampaio de Oliveira (mais conhecido como Sócrates, Doutor Sócrates ou Magrão). Foi um futebolista, médico e ativista brasileiro. Tabagista inveterado e alcoólatra, faleceu devido a uma cirrose hepática.
Como futebolista, Sócrates foi considerado como um dos maiores futebolistas do Brasil e, segundo a FIFA. um dos maiores do mundo. Notabilizou-se também pela sua militância política, particularmente nos anos 1980, quando liderou um movimento pela democratização do futebol e participou do movimento “Diretas, Já”!





Memórias: Mário Viegas morreu há 25 anos

1 04 2021

No dia 1 de Abril de 1996, morreu Mário Viegas. Foi um ator, encenador e declamador português, que desapareceu há 25 anos. Foi um exemplo de insubmissão, uma figura, uma voz, um trabalho que deixou saudades. Por António José André.
Mário Viegas nasceu a 10 de Novembro de 1948, em Santarém. Foi para o teatro, aos 17 anos, quando era estudante de hHstória, na Faculdade de Letras de Lisboa. Depois, inscreveu-se na Escola de Teatro do Conservatório Nacional. A sua estreia profissional ocorreu, no Teatro Experimental de Cascais, com Carlos Avilez.
Ao longo da vida, Mário Viegas fundou 3 companhias teatrais: a última das quais a Companhia Teatral do Chiado. Enquanto encenador/diretor artístico, foi responsável pela adaptação e encenação de grandes clássicos do teatro: Samuel Beckett, Anton Tchekov, Strindberg ou Pirandello.
Mário Viegas foi admirável a dizer poesia, gravando discos em que deu a conhecer ao grande público a obra de muitos poetas: Fernando Pessoa, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Jorge de Sena, Ruy Belo, Eugénio de Andrade, Luís de Camões, Bertolt Brecht, Pablo Neruda,
Na televisão, foi responsável pelos programas “Palavras Ditas” (1984) e “Palavras Vivas” (1991. No cinema, Mário Viegas iniciou-se com “O Funeral do Patrão” de Eduardo Geada (1975). Participou em muitos filmes: “Kilas, o Mau da Fita” (1981), “Sem Sombra de Pecado” (1983), “A Mulher do Próximo” (1988) e “Os Cornos de Cronos” (1991), “O Rei das Berlengas” (1978), “Azul, Azul” (1986), “Repórter X” (1987), “A Divina Comédia” (1991), “Rosa Negra” (1992), e “Sostiene Pereira” (1996).
Em 1995,, candidatou-se a deputado da Assembleia da República, como independente, nas listas da União Democrática Popular (UDP). Em 1996, com o apoio da UDP, foi candidato à Presidência da República, com o slogan “O sonho ao poder”. A doença impediu-o de lir até ao fim.
Morreu com 47 anos, no dia 1 de Abril de 1996. Foi no dia das mentiras, mas tratou-se de uma crua verdade. O seu corpo está no talhão dos artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Mário Viegas foi um exemplo de insubmissão, uma figura, uma voz, um trabalho que deixou saudades.





MEMÓRIAS: Ravi Shankar

11 12 2020

No dia 11 de dezembro de 2012, morreu Ravi Shankar. Foi um compositor e músico indiano. Nos anos sessenta, fundou a escola de música Kinnara, em Bombaim, e iniciou digressões internacionais como intérprete de citara. Por António José André.
Ravi Shankar nasceu a 7 de Abril de 1920, em Varanasina, cidade sagrada no rio Gangesen (Índia), numa família de Brahmins, a casta mais alta da sociedade indiana.
O seu pai era mestre de violino. Shankar começou a tocar violino, quando tinha 5 anos. Em criança, dançou na companhia do irmão, o bailarino e coreógrafo, Uday Shankar.
Em 1936, Shankar iniciou estudos sobre cítara sob a direção de Ustad Allaudin Khan. Pode ser vista a influência que teve no seu estilo inventivo e nos seus ritmos assimétricos e invulgares.
Quando trabalhou na “All-India Radio”, compôs músicas para a rádio e para filmes como “Pather Panchali (1955) e Gandhi (1981). Também escreveu ballets baseados em textos do escritor e filósofo indiano, Rabindranath Tcom.
As suas digressões na Europa e nos Estados Unidos, entre 1956 e 1957, contribuíram para despertar o interesse pela música oriental, no Ocidente, coincidindo com o movimento hippie.
Como compositor, Shankar escreveu dois concertos para citata e orquestra, música para o virtuoso da flauta, Jean-Pierre Rampal, e música para Hosan Yamamoto, 60, Shankar tocou “The Beatles” e com o violinista britânico, Yehudi Menuhinmestre do Shakuhachi.
Shankar colaborou con Philip Glass (Passages) e George Harrison (Concerto para Bangladesh). Em 1976, iniciou a colaboração com o guitarrista, John McLaughlin, fundando o grupo “Shakti”.
Shankar era membro da Tribuna Internacional de compositores das ONU. Shankar protagonizou o filme “Raga”, centrado na sua vida. Em 1978, publicou uma autobiográfia “My life, My music”.
Ravi Shankar faleceu a 11 de dezembro de 2012, aos 92 anos, num hospital de San Diego (E.U.A.).
Eis a sua discografía:
Three Ragas (1956)
Improvisations (1962)
India’s Most Distinguished Musician (1962)
India’s Master Musician (1963)
In London (1964)
Ragas & Talas (1964)
Portrait of Genius (1964)
Sound of the Sitar (1965)
Live at Monterey (1967)
In San Francisco (1967)
West Meets East (1967)
At the Monterey Pop Festival (1967)
The Exotic Sitar and Sarod (1967)
A Morning Raga / An Evening Raga (1968)
The Sounds of India (1968)
In New York (1968)
At the Woodstock Festival (1969)
The Concert for Bangladesh (1971)
Raga (1972)
In Concert 1972 (1973)
Transmigration Macabre (1973)
Shankar Family & Friends (1974)
Music Festival From India (1976)
Homage to Mahatma Gandhi (1981)
Räga-Mälä (Sitar Concerto No. 2) (1982)
Pandit Ravi Shankar (1986)
Tana Mana (1987)
Inside The Kremlin (1988)
Passages con Philip Glass (1990)
Concert for Peace: Royal Albert Hall (1995)
Chants of India (1997)
Concerto for Sitar & Orchestra con André Previn (1999)
Full Circle: Carnegie Hall 2000 (2001)
Between Two Worlds (Documental dirigido por [Mark Kidel]) (2001)
Flowers of India (2007)





Memórias: Nascimento do Hip Hop

13 08 2020

No dia 11 de agosto de 1973, um jamaicano de 16 anos organizou uma festa, no Bronx (Nova Iorque), que mudou para sempre a história da música pop. Naquela noite, nasceu o Hip Hop. Por António José André.
Por causa das festas que organizava (“block parties”), Clive Campbell, que seria conhecido como DJ Kool Herc, é considerado fundador do Hip Hop. Campbell percebu que o público se divertia, quando tocava a parte rítmica das canções de James Brown na ausência da letra (os breaks).
Herc tirou a agulha do gira-discos, voltando manualmente para o início do break e repetinndo tantas vezes quanto necessário. Utilizou 2 discos iguais em 2 aparelhos para reproduzir os breaks, um após outro, e prolongar a canção “Give it Up or Turnit Loose” do LP “Sex Machine”.
Isso ficou conhecido como “Break Beat”. Naquela noite, o seu amigo, Coke la Rock, pegou no micro e começou a cantar improvisadamente por cima dos breaks, num estilo que é conhecido como “Rap”. Coke la Rock é considerado o primeiro MC (mestre de cerimónia) na história do Hip Hop.
O Bronx encontrava-se em ebulição por causa da transformação causada pela especulação imobiliária, que levou à saída de milhares de moradores. Com a desvalorização dos imóveis, os proprietários provocavam incêndios para serem indemnizados pelos seguros.
Esse cenário contribuíu para o surgimento de gangues juvenis. Mas Herc organizava festas onde não havia lutas de gangues. Os bailes tornaram-se uma alternativa para os jovens do bairro. O estilo de Campbell foi seguido por Grandmaster Flash e Afrika Bambaata.
Depois, foram estabelecidos quatro pilares do Hip Hop: o Rap, o Djing, a Breakdance e o Graffiti. O Hip Hop e o Rap saíram do underground, sendo incorporados na cultura Pop. Mesmo assim, continuam a ser a principal expressão cultural e uma forma de protesto contra injustiças.





Memórias: Velimir Khlébnikov

29 07 2020

No dia 28 de julho de 1922, morreu Velimir Khlébnikov. Foi um um poeta, pensador, ornitólogo, matemático, pintor russo e uma figura proeminente na arte vanguardista. Por António José André.
Velimir Khlébnikov nasceu a 9 de Novembro de 1885. Viktor Khlébnikov, que substituiu o seu nome latino pelo eslavo Velimir (que significa “grande mundo”), nasceu numaa família de um ornitólogo,:um dos fundadores do horto florestal de Astrakhan.
A família Khlébnikov mudava frequentemente de residência. Em 1898, mudou-se para Kazan, onde o poeta se formou no liceu. Lá evidenciaram-se as suas primeiras paixões: matemática, ornitologia, língua e literatura russas.
Em 1903, Khlébnikov ingressou na Universidade de Kazan, na Faculdade de Física e Matemática, onde estudou Matemática e, mais tarde, se interessou por Zoologia. Em 1908, mudou-se para São Petersburgo e ingressou na Faculdade de Ciências Naturais. Depois mudou-se para a Faculdade de História e Filosofia.
Conheceu o grupo de jovens artistas (os irmãos Burliuk, Aleksei Kruchónykh, Elena Guro, Vassíli Kamiénski, Vladímir Maiakovsk, Benedikt Livshits, Olga Rozanova e Kazimir Malevitch) do qual resultou a formação do movimento dos cubo-futuristas.
A primeira apresentação conjunta dos cubo-futuristas na imprensa foi o almanaque poético “Viveiro dos Juízes” (1910), impresso na parte de trás de um papel de parede.
Khlébnikov foi inspirador e um dos autores (juntamente com David Burliuk, Vladímir Maiakovski e Aleksei Kruchónykh) do Manifesto do Futurismo Russo. Os futuristas russos chamavam-lhe “o Presidente do Globo Terrestre”; Maiakovski chamava-lhe “o Colombo dos novos continentes poéticos”…
Nas suas obras está espalhado um conjunto de previsões, cuja grande maioria se mostrou profética. Eis algumas delas:
A proclamação da independência do Egito – Khlébnikov predisse que, em 1922, seria criado um “grande estado em África”;
A Primeira Guerra Mundial – no seu Apelo aos Estudantes Eslavos, escreveu: “Em 1915, as pessoas vão entrar em guerra e serão testemunhas da queda do estado”.
O colapso das Torres Gémeas – no poema “Ladomir” (1920), o poeta escreveu: “Os castelos do comércio mundial/Onde as cadeias da pobreza brilham/Transformam-se um dia em cinzas”.
A internet e a televisão – no ensaio-utópico “Rádio do Futuro” (1921), o poeta descreve a internet, apenas lhe dá outro nome, bem como a televisão, chamada “rádio para os olhos”.
Khlébnikov apoiou a Revolução de 1917 e os bolcheviques. Para ele, os acontecimentos revolucionários foram entendidos como um caminho para a humanidade manifestar a sua livre vontade. Depois da revolução de Outubro, trabalhou nos órgãos de propaganda e de educação em Astrakhan, Piatigorsk e Baku.
Em Dezembro de 1921, o poeta regressou a Moscovo. A atmosfera da Nova Política Económica (NEP) parecia profundamente alheia à natureza de Khlébnikov. Este não era, de todo, o mundo do futuro com o qual tinha sonhado. Khlébnikov considerava que o estado do futuro excluiria a civilização do mercantilismo mundial.
Velimir Khlébnikov viveu os últimos anos de vida gravemente doente e passando fome. O poeta morreu na aldeia de Santalov, a 28 de julho de 1922.
Após a morte, começaram a ser publicadas as suas obras. Em 1923, foi editado um livro de versos do poeta, em Moscovo. Em 1925, Kruchónykh editou o “Caderno de Notas” de Velimir Khlébnikov; em 1936, foi publicado o livro “Versos Escolhidos”; em 1940, foi editada a coletânea “Velimir Khlébnikov. Poesias”; em 1960, foi editado “Velimir Khlébnikov. Versos e Poemas”. Desde 1984, a sua obra foi republicada quase todos os anos. Em 1993, foi inaugurado o Museu do poeta, em Astrakhan.