No dia 11 de agosto de 1973, um jamaicano de 16 anos organizou uma festa, no Bronx (Nova Iorque), que mudou para sempre a história da música pop. Naquela noite, nasceu o Hip Hop. Por António José André.
Por causa das festas que organizava (“block parties”), Clive Campbell, que seria conhecido como DJ Kool Herc, é considerado fundador do Hip Hop. Campbell percebu que o público se divertia, quando tocava a parte rítmica das canções de James Brown na ausência da letra (os breaks).
Herc tirou a agulha do gira-discos, voltando manualmente para o início do break e repetinndo tantas vezes quanto necessário. Utilizou 2 discos iguais em 2 aparelhos para reproduzir os breaks, um após outro, e prolongar a canção “Give it Up or Turnit Loose” do LP “Sex Machine”.
Isso ficou conhecido como “Break Beat”. Naquela noite, o seu amigo, Coke la Rock, pegou no micro e começou a cantar improvisadamente por cima dos breaks, num estilo que é conhecido como “Rap”. Coke la Rock é considerado o primeiro MC (mestre de cerimónia) na história do Hip Hop.
O Bronx encontrava-se em ebulição por causa da transformação causada pela especulação imobiliária, que levou à saída de milhares de moradores. Com a desvalorização dos imóveis, os proprietários provocavam incêndios para serem indemnizados pelos seguros.
Esse cenário contribuíu para o surgimento de gangues juvenis. Mas Herc organizava festas onde não havia lutas de gangues. Os bailes tornaram-se uma alternativa para os jovens do bairro. O estilo de Campbell foi seguido por Grandmaster Flash e Afrika Bambaata.
Depois, foram estabelecidos quatro pilares do Hip Hop: o Rap, o Djing, a Breakdance e o Graffiti. O Hip Hop e o Rap saíram do underground, sendo incorporados na cultura Pop. Mesmo assim, continuam a ser a principal expressão cultural e uma forma de protesto contra injustiças.
Memórias: Nascimento do Hip Hop
13 08 2020Comentários : Leave a Comment »
Etiquetas: Afrika Bambaata., GrandMaster Flash
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Memórias: Velimir Khlébnikov
29 07 2020No dia 28 de julho de 1922, morreu Velimir Khlébnikov. Foi um um poeta, pensador, ornitólogo, matemático, pintor russo e uma figura proeminente na arte vanguardista. Por António José André.
Velimir Khlébnikov nasceu a 9 de Novembro de 1885. Viktor Khlébnikov, que substituiu o seu nome latino pelo eslavo Velimir (que significa “grande mundo”), nasceu numaa família de um ornitólogo,:um dos fundadores do horto florestal de Astrakhan.
A família Khlébnikov mudava frequentemente de residência. Em 1898, mudou-se para Kazan, onde o poeta se formou no liceu. Lá evidenciaram-se as suas primeiras paixões: matemática, ornitologia, língua e literatura russas.
Em 1903, Khlébnikov ingressou na Universidade de Kazan, na Faculdade de Física e Matemática, onde estudou Matemática e, mais tarde, se interessou por Zoologia. Em 1908, mudou-se para São Petersburgo e ingressou na Faculdade de Ciências Naturais. Depois mudou-se para a Faculdade de História e Filosofia.
Conheceu o grupo de jovens artistas (os irmãos Burliuk, Aleksei Kruchónykh, Elena Guro, Vassíli Kamiénski, Vladímir Maiakovsk, Benedikt Livshits, Olga Rozanova e Kazimir Malevitch) do qual resultou a formação do movimento dos cubo-futuristas.
A primeira apresentação conjunta dos cubo-futuristas na imprensa foi o almanaque poético “Viveiro dos Juízes” (1910), impresso na parte de trás de um papel de parede.
Khlébnikov foi inspirador e um dos autores (juntamente com David Burliuk, Vladímir Maiakovski e Aleksei Kruchónykh) do Manifesto do Futurismo Russo. Os futuristas russos chamavam-lhe “o Presidente do Globo Terrestre”; Maiakovski chamava-lhe “o Colombo dos novos continentes poéticos”…
Nas suas obras está espalhado um conjunto de previsões, cuja grande maioria se mostrou profética. Eis algumas delas:
A proclamação da independência do Egito – Khlébnikov predisse que, em 1922, seria criado um “grande estado em África”;
A Primeira Guerra Mundial – no seu Apelo aos Estudantes Eslavos, escreveu: “Em 1915, as pessoas vão entrar em guerra e serão testemunhas da queda do estado”.
O colapso das Torres Gémeas – no poema “Ladomir” (1920), o poeta escreveu: “Os castelos do comércio mundial/Onde as cadeias da pobreza brilham/Transformam-se um dia em cinzas”.
A internet e a televisão – no ensaio-utópico “Rádio do Futuro” (1921), o poeta descreve a internet, apenas lhe dá outro nome, bem como a televisão, chamada “rádio para os olhos”.
Khlébnikov apoiou a Revolução de 1917 e os bolcheviques. Para ele, os acontecimentos revolucionários foram entendidos como um caminho para a humanidade manifestar a sua livre vontade. Depois da revolução de Outubro, trabalhou nos órgãos de propaganda e de educação em Astrakhan, Piatigorsk e Baku.
Em Dezembro de 1921, o poeta regressou a Moscovo. A atmosfera da Nova Política Económica (NEP) parecia profundamente alheia à natureza de Khlébnikov. Este não era, de todo, o mundo do futuro com o qual tinha sonhado. Khlébnikov considerava que o estado do futuro excluiria a civilização do mercantilismo mundial.
Velimir Khlébnikov viveu os últimos anos de vida gravemente doente e passando fome. O poeta morreu na aldeia de Santalov, a 28 de julho de 1922.
Após a morte, começaram a ser publicadas as suas obras. Em 1923, foi editado um livro de versos do poeta, em Moscovo. Em 1925, Kruchónykh editou o “Caderno de Notas” de Velimir Khlébnikov; em 1936, foi publicado o livro “Versos Escolhidos”; em 1940, foi editada a coletânea “Velimir Khlébnikov. Poesias”; em 1960, foi editado “Velimir Khlébnikov. Versos e Poemas”. Desde 1984, a sua obra foi republicada quase todos os anos. Em 1993, foi inaugurado o Museu do poeta, em Astrakhan.
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Etiquetas: Manifesto do Futurismo Russo, Vladímir Maiakovski
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Memórias: Carlos Monsiváis
18 06 2020No dia 19 de junho de 2010, morreu Carlos Monsiváis. Foi um escritor, jornalista e ativista político mexicano, conhecido pela sua visão sarcástica e pela sua linguagem cáustica. Por António José André.
Carlos Monsiváis nasceu a 4 de maio de 1938, na Cidade do México. Estudou na Escola de Economia e na Faculdade de Filosofía e Letras (Universidade Nacional Autónoma de México – UNAM).
Posteriormente, Monsivais trabalhou na UNAM, como catedrático. Também foi docente na Universidade de Essex, no King’s College (Grã-Bretanha) e na Universidade de Harvard.(EUA).
Dotado de uma vasta bagagem cultural, Monsiváis escreveu, desde jovem, para diversos suplementos culturais e jornais mexicanos. Depois, colaborou com “Novedades”, “El Día”, “Excélsior”, “La Jornada”, “El Universal”, “Proceso”, “Siempre!”, “Nexos”, entre outras publicações.
As suas posições políticas e o conhecimento dos fenómenos sociais e culturais, levaram-no a questionar o autoritarismo e o conservadorismo. Carlos Monsiváis foi um ativista político, desde os anos 60.
Monsivais participou nas lutas estudantis. Também defendeu outras causas: o feminismo, a legalização do aborto, a luta contra as touradas, as lutas populares da América Latina (o movimento zapatista, por exemplo)….
“Antologias Poéticas”, “Biografias” (de Frida Kahlo e de Octávio Paz, por exemplo) e “Ensaios” são parte da extensa bibliografia de Carlos Monsiváis, que também se interessou pela Rádio, pelo Cinema e pela Música (foi diretor da coleção de discos “Voz Viva de México”, da UNAM).
No dia 19 de junho de 2010, morreu Carlos Monsiváis. Tinha 72 anos e foi um dos mais importantes escritores contemporâneos, conhecido pela sua visão sarcástica e pela sua linguagem cáustica.
Veja também este documentário:
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Etiquetas: zapatista
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Memórias: Captain Beefheart
16 01 2020No dia 5 de janeiro de 1941, nasceu Don Van Vliet ou Captain Beefheart. Foi um músico e pintor norte-americano. Durante a sua vida, manteve uma seqüência prolífica de esboços e pinturas. Artistas como Tom Waits, Nick Cave, Franz Ferdinand, Oasis, Red Hot Chili Peppers e The White Stripes estão entre os que o citaram como influência. Por António José André.
Don Van Vliet ou Captain Beefheart nasceu a 5 de janeiro de 1941, no subúrbio de Glendale (California). A família teve influência nos seus talentos artísticos. Começou a esculpir aos 4 anos de idade. Na adolescência, Don Van Vliet descobriu o blues junto com o seu amigo de infância Frank Zappa, que permaneceu um amigo e rival por toda a vida. Em Lancaster, (deserto Mojave na Califórnia), Zappa e Van Vliet criaram o nome Captain Beefheart.
No meio da década de 60, constituíu a banda de blues, His Magic Band.. Durante duas décadas, os membros da banda mudaram freqüentemente. A banda alargou com a presença do guitarrista Ry Cooder.
Em 1967, foi editado o primeiro álbum, “Safe as Milk”. Apesar de inspirado por blues, o álbum refletia a era psicadélica e tendências surrealistas. Também dava indícios de avant-garde que acabaria por ser a marca de Captain Beefheart.
Em 1969, foi editado o álbum, “Trout Mask Replica”, uma mistura dadaísta de blues, free jazz , rock e poesia beat., produzido por Frank Zappa. Os músicos estiveram numa casa durante 8 meses e só podiam sair uma vez por semana para comprar comida. As letras eram surreais e os membros da banda ganharam apelidos como Mascara Snake, Zoot Horn Rollo e Rockette Morton.
O álbum seguinte, “Lick My Decals Off, Baby” foi igualmente de natureza experimental. Mas os álbuns,”The Spotlight Kid”, “Clear Spot”, “Unconditionally Guaranteed” e “Bluejeans and Moonbeams” , foram acusados pelos fãs de serem comerciais demais. Mas depois, “Bat Chain Puller” e “Ice Cream for Crow” foram aclamados.
Don Van Vliet conhecido como Captain Beefheart, morreu a 17 de dezembro de 2010, devido a complicações decorrentes de esclerose múltipla..
Durante a sua vida, Captain Beefheart manteve uma seqüência prolífica de esboços e pinturas. Com uma voz grave, gritava à maneira de um dos seus heróid, o bluesman Howlin’ Wolf, e tornou-se uma figura influente na música rock.
Artistas como Tom Waits, Nick Cave, Franz Ferdinand, Oasis, Red Hot Chili Peppers e The White Stripes estão entre os que o citaram como influência. Depois, com o seu nome verdadeiro, Don Van Vliet, tornou-se um pintor conhecido.
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Etiquetas: Franz Ferdinand, Nick Cave, Oasis, Red Hot Chili Peppers, The White Stripes, Tom Waits
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22 OUT: Apresentação do livro “AS CLASSES MÉDIAS” – Teatro da cerca – 18h
20 10 2019No dia 22 de outubro (terça-feira), vai ser apresentado o livro “As Classes Médias em Portugal”. O evento, que contará com a presenças de Francisco Louçã, João Teixeira Lopes e Lígia Ferro, será moderado pelo jornalista, João Gaspar,e decorrerá no Bar do Teatro da Cerca, em Coimbra., a partir das 18h. Contamos consigo.
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“AS CLASSES MÉDIAS EM PORTUGAL” de Francisco Louçã, João Teixeira Lopes, Lígia Ferro (Editor:Bertrand Editora)
“Nenhum discurso político contemporâneo prescinde de referências à classe média. Ora em tom encomiástico, apologético e até messiânico, elogiando as suas virtudes de empenho, talento e mérito; ora realçando o seu papel de articulador da estrutura social, espécie de modelo para a mobilidade social e pivô das mudanças societais; ora como estabilizador, árbitro e nó central das dinâmicas políticas; ora como conjunto de camadas a serem conquistadas para a obtenção de maiorias aritméticas e políticas; ora, em sentido contrário, para enfatizar a quebra do elevador social, a sua crescente vulnerabilidade à desclassificação social, pauperização e precarização.
Mas quem é a classe média, ou as classes médias? Pois é toda a gente, ou pelo menos quase toda a gente assim responderá. Mas, sob este manto comum de identidade, convivem posições e representações sociais muito distintas. Tem de haver um plural para classe média: a de cima, que se cola e projeta na burguesia, e a de baixo, pauperizada e comprimida às classes populares; a do público e do privado, a das áreas metropolitanas e a do rural em transição; a tradicional e a nova.
Neste livro partiremos de estatísticas, relatos biográficos e análise de discurso para conhecermos um pouco melhor a classe média portuguesa. Como vive, como se reproduz, que dificuldades enfrenta, como se mobiliza politicamente, que estilos de vida desenvolve. Mostraremos como é frágil e assustada, espremida e comprimida, em particular após a grande crise.”
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Memórias: Frida Kahlo
16 07 2019No dia 13 de julho de 1954, morreu Frida Kahlo, grande pintora mexicana e uma das maiores pintoras do século XX. Comunista e revolucionária, ela foi criadora da sua própria personagem e tema da sua obra. Por António José André.
Frida Kahlo nasceu na cidade do México, em 6 de julho de 1907. Em 1913, foi-lhe diagnosticada uma poliomielite, doença que acabou por deixar sequelas na sua perna direita. Em 1922, iniciou os estudos na Escola Nacional, onde teve a oportunidade de observar Diego Rivera a pintar o mural “A Criação”.
Em 17 de setembro de 1926, sofreu um acidente, quando viajava de autocarro. tendo uma rutura da coluna em 3 lugares. Um cano atravessou-lhe a bacia até à região púbica, produzindo uma tripla fratura da pélvis. Assim, ficou impedida de ter filhos. Esse acidente marcaria toda a sua vida.
Durante a convalescença, começou a pintar os seus primeiros quadros. Em 1927, reencontrou-se com Diego Rivera, quando ele regressou da União Soviética. O pintor mostrou interesse pela artista e pela sua obra. Dois anos depois, casaram-se e viajaram para os Estados Unidos.
Em Nova Iorque, Frida Kahlo pintou “My dress hanging there”, quadro que prenunciava a sua obra repleta de símbolos, com influência da estética popular e religiosa mexicana. Em 1934, regressaram ao México e instalaram-se, em San Ángel. Sofre. O processo de desfiguração do seu corpo é constante e isso refletiu-se nos seus trabalhos.
Separou-se de Diogo Rivera e viajou para Nova Iorque. Em 1937, Frida regressaria ao México, época em que Leon Trotsky e Natália, chegaram ao país. Frida foi recebê-los e.instalaram-se na sua casa de Coyoacán. Foi um ano muito prolífico para Frida. Produziu “Minha irmã e eu”, “O defunto Dimas”, “Meus avós, meus país e eu” e vários autorretratos.
Em 1938, André Breton chegou ao México e partilhou as suas ideias com Frida. Nesse ano, Frida foi a Paris visitar a exposição “México”, que André Breton organizou com obras pré-hispânicas e 18 quadros de Frida.
Em 1940, Frida participou da Exposição Internacional do Surrealismo na Galeria de Arte Mexicana com as telas “As Duas Fridas” e “A Mesa Ferida”. No dia 21 de agosto desse ano, Trotsky foi assassinado. A sua admiração pelo dirigente revolucionário russo levaram a ter um romance com ele.
Frida voltou aos Estados Unidos para receber tratamento médico. Participou na Exposição Internacional Golden Gate (São Francisco) e na Exposição Vinte Séculos de Arte Mexicana (Nova Iorque). No final desse ano, voltou a juntar-se a Rivera. Em 1941, regressaram ao México e Frida pintou vários autorretratos.
Em 1942, expôs no Museu de Arte Moderna (Nova Iorque). Em 1943, foi nomeada professora da Escola de Pintura e Escultura La Esmeralda. De 1944 a 1949, participou em exposições nacionais e internacionais. Em 1950, Frida ficou internada nove meses por causa da complicação do enxerto dum osso na coluna vertebral.
Em 1951, pintou várias naturezas mortas e o “Retrato do meu pai Wilhelm Kahlo”. Em 1953, Frida organizou uma ampla Exposição individual na Galeria de Arte Contemporânea (México). Depois foi internada para a amputação da perna direita devido a um quadro de gangrena.
Veja também:
https://www.esquerda.net/artigo/memorias-frida-kahlo/37783
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Etiquetas: André Breton, Diego Rivera, Leron Trotsky
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Memórias: Vinicius de Moraes
11 07 2019No dia 9 de julho de 1980, morreu Vinicius de Moraes: um dos mais populares poetas brasileiros. Vinicius foi escritor, diplomata, jornalista e músico. Por António José André.
Vinícius de Moraes nasceu a 19 de Outubro de 1913, no Bairro da Gávea (Rio de Janeiro). Era filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Perfeitura, poeta, violonista amador, e de Lídia Cruz de Moraes, pianista amadora.
Aos três anos, Vinicius de Moares mudou-se para Botafogo, indo morar com os avós. Frequentou a Escola Primaria, escrevendo os seus primeiros versos. Em 1924, Vinicius de Moares entrou para o Colégio Santo Inácio, cantando no coro da Igreja. Em 1929, a família voltou para Gávea.
Nesse ano, Vinicius de Moares entrou para a Faculdade de Direito. Em 1933, concluiu o curso e publicou “O Caminho para a Distância”. Em 1935, publicou o livro “Forma e Exegese”. Em 1938, ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar Língua e Literatura inglesas, na Universidade de Oxford. Nesse ano, publicou “Os Novos Poemas”.
Com o início da II Guerra Mundial, Vinicius de Moares voltou para o Rio de Janeiro. Nos anos seguintes publicou muitos poemas e tornou-se assim um dos mais populares da Literatura brasileira. A sua obra foi vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música.
Vinicius de Moares considerou que a poesia foi a sua primeira e maior vocação. No campo musical, teve como principais parceiro, entre outros, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto e Chico Buarque.
Escute aqui “O operário em construção” de Vinicius de Moraes:
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Etiquetas: Baden Powell, Chico Buarque, João Gilberto, Tom Jobim
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Memórias: Éric Satie
5 07 2019Comentários : Leave a Comment »
Etiquetas: dadaísmo, Jean Cocteau, Picasso
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Memórias: Primeiro filme LGBTI surgiu há 100 anos
30 06 2019No dia 28 de maio de 1919, decorreu a estreia do filme alemão “Diferente dos Outros”(“Anders als die Andern”). Escrito por Richard Oswald e Magnus Hirschfeld, trata-se da primeira longa-metragem LGBTI da História. Foi uma bandeira que serviu para alavancar a luta pelos direitos sexuais. Por António José André.
Há 100 anos, o filme “Diferente dos Outros” ousou abordar o romance de dois homens. Foi uma bandeira contra o Parágrafo 175 do Código Penal alemão e serviu para alavancar a luta pelos direitos sexuais. É uma história ousada para a época, mas é compreensível que tenha surgido naquele tempo e naquele espaço.
A Revolução Russa de 1917 e a crise económica, causada pela Primeira Guerra Mundial, abalaram a Alemanha. Em 1918, foi derrubado o regime autoritário do Kaiser e proclamada a República de Weimar. Eram tempos de mudança, onde a Liga Espartaquista, liderada por Rosa Luxemburgo, teve um importante papel.
Nesse contexto, muitos direitos políticos e sociais foram conquistados. As artes floresceram no campo da vanguarda: seja na literatura ou no teatro, seja na arquitetura ou no cinema. O Expressionismo alemão deu asas à vida, tal como outras correntes estéticas.
O filme “Diferente dos Outros” era parte do trabalho militante de Magnus Hirschfeld (médico, homossexual e artista judeu), que fundou o Comitê Científico Humanitário (C.C.H.), em 1897.
O C.C.H., fundado em Berlim, realizou Encontros contra o Parágrafo 175 e promoveu uma Petição pedindo a sua revogação, que foi subscrita por muitas personalidades da época (Albert Einstein, Hermann Hesse, Thomas Mann, Rainer Maria Rilke e Leão Tolstói), entre mais de 6 mil assinaturas.
Nota: este parágrafo hediondo, promulgado em maio de 1871, considerava ilegal a homossexualidade e apenas abolido, em março de 1994.
Em 1933, quando o nazismo assumiu o poder, ilegalizou o C.C.H. e destruiu a sua enorme Biblioteca. O filme não sobreviveu na sua totalidade. Foi recortado e reeditado ao longo dos anos. Mas sobreviveu a ousadia de lutar.
Veja o filme reconstituído (em inglês) eaqui: https://vimeo.com/251002359
Ficha técnica
Título: “Diferente dos Outros” (“Anders als die Andern”) – Alemanha, 1919
Género: Drama
Direção: Richard Oswald
Roteiro: Magnus Hirschfeld, Richard Oswald
Elenco: Conrad Veidt, Leo Connard, Ilse von Tasso-Lind, Alexandra Willegh, Ernst Pittschau, Fritz Schulz, Wilhelm Diegelmann, Clementine Plessner, Anita Berber, Reinhold Schünzel, Helga Molander, Magnus Hirschfeld, Karl Giese
Duração: 50 min.
Paul Körner é um violinista famoso. Procurado pelo jovem Kurt Sivers, Körner aceita dar-lhe aulas e algo mais se desenvolve entre eles. Certo dia, os dois são vistos de braços dados na rua, por Franz Bollek. Na Alemanha, a contravenção prevista no Parágrafo 175 do Código Penal, proibia o homossexualidade. Bollek começa a chantagear Körner, ameaçando entregá-lo à polícia. A situação fica insustentável. Sivers desaparece. Levado a tribunal por Bollek, Körner é defendido por Magnus Hirschfeld.
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Etiquetas: Albert Einstein, Hermann Hesse, Magnus Hirschfeld, Rainer Maria Rilke e Leão Tolstói, Thomas Mann
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Memórias: Carlos Monsiváis
25 06 2019No dia 19 de junho de 2010, morreu Carlos Monsiváis. Foi um escritor, jornalista e ativista político mexicano, conhecido pela sua visão sarcástica e linguagem cáustica. Por António José André.
Carlos Monsiváis nasceu a 4 de maio de 1938, na Cidade do México. Estudou na Escola de Economia e na Faculdade de Filosofía e Letras (Universidade Nacional Autónoma de México – UNAM). Posteriormente, trabalharia na UNAM, como catedrático. Também foi docente na Universidade de Essex e no King’s College (Grã-Bretanha) e na Universidade de Harvard.(EUA).
Dotado de uma vasta bagagem cultural, Carlos Monsiváis escreveu, desde muito jovem, para diversos suplementos culturais e jornais mexicanos. Depois, colaborou com “Novedades”, “El Día”, “Excélsior”, “La Jornada”, “El Universal”, “Proceso”, “Siempre!”, “Nexos”, entre outras publicações.
As suas posições políticas e o conhecimento dos fenómenos sociais e culturais, levaram-no a questionar o autoritarismo e o conservadorismo. Carlos Monsiváis foi um ativista político, desde os anos 60, participou nas lutas estudantis. Também defendeu outras causas: o feminismo, a legalização do aborto, a luta contra as touradas, as lutas populares da América Latina (o movimento zapatista, por exemplo)….
Antologias Poéticas, Biografias (de Frida Kahlo e de Octávio Paz, por exemplo) e Ensaios são parte da extensa bibliografia de Carlos Monsiváis. Também se interessou pela Rádio, pelo Cinema e pela Música (foi diretor da coleção de discos “Voz Viva de México”, da UNAM).
Carlos Monsiváis morreu com 72 anos, a 19 de junho de 2010, na Cidade do México. Foi um dos mais importantes escritores contemporâneos, conhecido pela sua visão sarcástica e pela sua linguagem cáustica.
Veja também: https://www.youtube.com/watch?v=nXhDHWweb7w
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